Ganho compensatório no gado de corte: saiba o que é

O ganho compensatório é uma importante estratégia nutricional para o gado de corte, podendo ser utilizado em sistemas de produção a pasto 

Ganho compensatório (Envato Elements)

Na pecuária de corte, há períodos em que o fornecimento de alimentação para o gado nem sempre é o mais adequado, sobretudo quando os animais são criados em pasto.

Nessas épocas, ocorre a perda de forragem, em quantidade e em qualidade, fazendo com que o gado sofra um estresse nutricional, o que o interfere em sua curva de crescimento.

Contudo, é possível o gado se recuperar por meio do ganho compensatório, ao fazer com que ele tenha um crescimento mais rápido e eficiente.

Saiba neste artigo o que é o ganho compensatório e os benefícios da sua utilização na pecuária de corte. Boa leitura! 

O que é ganho compensatório?

O ganho compensatório refere-se a um fenômeno biológico na pecuária bovina, em que um período de restrição alimentar ou crescimento mais lento do animal é seguido por um período de alimentação reforçada que resulta em um crescimento acelerado.

Quando os animais passam por um período de subnutrição ou restrição alimentar, eles têm a capacidade de recuperar o ganho de peso perdido de maneira mais eficiente quando recebem uma dieta nutritiva e abundante.

Assim, na criação de gado de corte, o ganho compensatório é aplicado estrategicamente para maximizar o crescimento e a eficiência alimentar dos animais.

Isso pode envolver também a submissão dos bovinos a uma fase de restrição alimentar controlada, seguida por um período em que recebem acesso a uma dieta de alta qualidade e alto teor calórico, o que favorece posteriormente o ganho de peso em menor tempo.

Benefícios do ganho compensatório na pecuária de corte

Os benefícios do ganho compensatório são:

  1. Eficiência alimentar aprimorada: o ganho compensatório permite que os bovinos convertam mais eficientemente os nutrientes da dieta em ganho de peso, resultando em uma utilização mais eficaz dos recursos alimentares;
  2. Redução no tempo de engorda: ao usar estratégias de ganho compensatório, os pecuaristas podem acelerar o processo de engorda, reduzindo assim o tempo necessário para levar os animais ao peso de abate desejado;
  3. Economia de recursos: a fase de restrição alimentar controlada pode permitir a economia de recursos, uma vez que os animais consomem menos durante esse período. Isso é particularmente benéfico em situações de escassez de alimentos ou aumento dos custos de produção;
  4. Melhor qualidade da carne: a aplicação adequada do ganho compensatório pode resultar em um ganho de peso mais rápido durante o período de engorda final, o que pode levar a um melhor marmoreio e qualidade da carne;
  5. Otimização do manejo: a utilização do ganho compensatório exige um manejo cuidadoso dos animais, incluindo monitoramento da saúde, alimentação e crescimento. Isso promove um manejo mais atento e responsável por parte dos pecuaristas.

É importante ter em mente que a aplicação do ganho compensatório requer planejamento e execução cuidadosa, para que assim ele gere os benefícios acima.

É necessário trabalhar em colaboração com profissionais especializados da zootecnia ou veterinária para desenvolver programas alimentares e de manejo que maximizem os benefícios do ganho compensatório.

Além disso, é fundamental considerar fatores como a idade dos animais, a genética, as condições ambientais e a disponibilidade de recursos.

A importância de seguir a suplementação adequada

No alcance de um ganho compensatório eficaz, a suplementação adequada desempenha um papel crucial, sendo uma estratégia nutricional que visa fornecer aos animais os nutrientes essenciais que podem estar ausentes ou em quantidades inadequadas.

Através da correção das deficiências nutricionais acumuladas durante o período de restrição, a suplementação facilita um rápido ganho de peso, promovendo não apenas um crescimento mais acelerado, mas também melhorias na qualidade da carne, saúde e bem-estar dos animais.

Além disso, a suplementação eficaz contribui para uma maior eficiência alimentar, reduzindo o tempo necessário para atingir o peso desejado para o abate.

A suplementação deve ser planejada com base nas exigências nutricionais dos animais, considerando fatores como idade, peso, condições ambientais e disponibilidade de pastagem.

A escolha dos nutrientes a serem suplementados, como proteínas, vitaminas, minerais e carboidratos desempenha um papel crucial na obtenção de bons resultados, sendo fundamental ressaltar que a suplementação pode ser feita de forma criteriosa e balanceada.

Isso porque o excesso de suplementação pode levar ao desperdício de recursos, impactos ambientais e problemas de saúde dos animais, já que há grande impacto no metabolismo dos bovinos.

O maior componente do crescimento compensatório após período de restrição é o aumento do consumo de alimentos, o que provoca maior desenvolvimento dos órgãos internos, no período de 70 a 90 dias, com destaque para os rins, fígado e o coração.

Outras alterações ocorrem no sistema endócrino, com o aumento do hormônio do crescimento (GH), de insulina e tiroxinas T3 e T4, além de mudanças na composição corporal e do ganho de peso.

Riscos de restrições na fase de cria

Restrições na fase de cria, no ciclo da pecuária, durante o ganho compensatório de gado de corte podem acarretar uma série de riscos e impactos negativos tanto na saúde e bem-estar dos animais quanto na eficiência da produção pecuária.

Assim, a má gestão desse processo pode levar a consequências indesejadas, como desnutrição, deficiências nutricionais e maior suscetibilidade a doenças.

Na fase de cria, as restrições podem afetar negativamente o desempenho reprodutivo, resultando em atrasos na puberdade, menor taxa de concepção e maior intervalo entre partos.

Além disso, podem provocar um desenvolvimento físico inadequado, levando a animais menores e menos produtivos no futuro. Outro possível problema é o impacto negativo na qualidade da carne, resultando em cortes menos valorizados e menos saborosos.

Outro fator que se deve ter atenção é que as restrições podem levar a uma eficiência alimentar reduzida, uma vez que os animais podem precisar de mais tempo e recursos para atingir o peso de abate desejado.

Além disso, pode causar estresse psicológico e físico nos animais, afetando seu comportamento, bem-estar e produtividade, podendo ainda comprometer o sistema imunológico dos animais.

Mas algumas medidas que podem ser tomadas para evitar que as restrições na fase de cria não afetem o ganho compensatório, tais como o monitoramento e o manejo adequado da saúde do animal, o fornecimento de nutrientes essenciais, com alimentação balanceada, e uso de suplementos alimentares.

Quais fatores influenciam no resultado do ganho compensatório?

Entre os fatores que influenciam o resultado do ganho compensatório, estão o tempo e a intensidade da restrição alimentar durante a fase de cria.

Restrições mais longas e intensas podem resultar em maiores respostas de crescimento durante o período de reabilitação.

Um ponto de atenção importante é a qualidade e a composição da dieta oferecida durante o período de ganho compensatório, já que a oferta adequada de nutrientes, como proteínas, minerais e energia, é essencial para estimular o crescimento acelerado.

A capacidade dos animais de responder ao ganho compensatório pode variar com base em sua genética e histórico de criação.

O manejo adequado das condições ambientais, como instalações de abrigo, acesso a água limpa e conforto térmico, é importante para maximizar os benefícios do ganho compensatório, sendo fundamental ajustar a dieta e monitorar a saúde dos animais.

Conclusão

O ganho compensatório na criação de gado de corte é uma abordagem estratégica que visa otimizar o crescimento e a eficiência alimentar dos animais.

Por meio de uma combinação de restrição alimentar controlada e alimentação de alta qualidade, os pecuaristas podem colher uma série de benefícios, incluindo eficiência alimentar aprimorada, redução no tempo de engorda, economia de recursos, melhor qualidade da carne e otimização do manejo.

Com a devida atenção à implementação e monitoramento, o ganho compensatório continua a desempenhar um papel crucial na criação sustentável e produtiva de gado de corte.

O seu sucesso depende da combinação cuidadosa de fatores nutricionais, genéticos, de manejo e ambientais, visando promover um crescimento acelerado e saudável dos animais.

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Este é um conteúdo didático e informativo. Não deve ser interpretado como recomendação agronômica, zootécnica ou veterinária.

Mario Bittencourt

Analista de Copywriting da Perfarm, é jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão e em Ciência de Dados. Faz mestrado em Agricultura de Precisão na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

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