A importância das capineiras na criação de gado de corte

Capineiras para o gado de corte: veja como fazer o manejo correto e garantir uma forragem de qualidade para o ganho de peso do rebanho 

Capineiras (Embrapa)

Quando se fala em estratégias para a suplementação para gado, com produção de forragens, uma das mais utilizadas é a formação de capineiras.

Isso porque o manejo correto de uma capineira possibilita a produção de forragens de qualidade e por bom período de tempo, garantindo alimentação de qualidade para o gado.

Veja neste artigo algumas dicas de como fazer capineiras, desde o terreno adequado para o plantio, adubação, época de corte, transporte e manejo de talhões. Boa leitura! 

O que são capineiras e como elas funcionam?

As capineiras são um sistema de manejo que envolve o cultivo de gramíneas e leguminosas destinadas à alimentação do gado na pecuária de corte.

Ela oferece diversos benefícios que vão desde a produção de alimentação de qualidade para o gado até o maior controle de pragas e plantas daninhas.

Nas capineiras, as espécies de gramíneas e leguminosas cultivadas são especialmente selecionadas para serem utilizadas como alimento para bovinos de corte.

Dessa forma, elas funcionam como uma estratégia valiosa para garantir o fornecimento constante de alimento, principalmente durante a escassez de pastagens naturais.

O funcionamento das capineiras baseia-se em alguns princípios fundamentais:

  1. Seleção de espécies adequadas: a escolha das espécies de gramíneas e leguminosas a serem cultivadas nas capineiras é essencial. Elas devem ser de alto valor nutricional, de fácil estabelecimento e crescimento rápido;
  2. Preparo do solo: o solo é preparado com correção de pH, adubação e aração, proporcionando as condições ideais para o desenvolvimento das plantas;
  3. Plantio e manejo: as sementes das espécies selecionadas são plantadas em linhas ou fileiras, com espaçamento adequado. O manejo inclui, sempre que possível, irrigação, adubação complementar, controle de plantas daninhas e pragas;
  4. Colheita e utilização: a colheita da forragem pode ser feita de forma manual ou mecânica, dependendo do tamanho da área. A forragem é então fornecida aos animais como parte da dieta, seja por meio de pastejo direto ou corte.

Na implantação de um sistema de capineiras é essencial que seja considerado o ambiente de produção e as características climáticas da região, para escolha da melhor espécie. Isso deve ser feito com orientação técnica de um zootecnista.

A influência positiva das capineiras na saúde e nutrição do gado de corte

As capineiras possuem um impacto muito positivo na saúde e nutrição do gado de corte, sendo a técnica reconhecida por suas vantagens tanto em termos de qualidade nutricional quanto de impacto econômico e social.

No que se refere à nutrição, a qualidade da forragem é um fator crítico para garantir a saúde e o desempenho adequado do gado de corte. As capineiras oferecem uma gama de espécies vegetais selecionadas, que são escolhidas por sua riqueza nutricional.

Isso resulta em uma dieta mais equilibrada para os animais, rica em proteínas, vitaminas e minerais essenciais. Essa dieta nutricionalmente balanceada contribui para:

  1. Ganho de peso: a oferta de forragem de qualidade ajuda a manter um ganho de peso saudável nos bovinos de corte, o que é crucial para a eficiência da produção de carne;
  2. Melhor conversão alimentar: uma dieta equilibrada proveniente das capineiras pode levar a uma melhor conversão de alimento em carne, resultando em animais mais eficientes em termos de produção;
  3. Saúde e imunidade: a ingestão de nutrientes adequados fortalece o sistema imunológico dos animais, tornando-os mais resistentes a doenças e estresses ambientais.

Impacto econômico e social

Além dos benefícios à saúde e nutrição do gado de corte, as capineiras também trazem impactos econômicos e sociais positivos para os produtores e para a comunidade em geral.

Entre eles, está a redução de custos de alimentação, já que ao cultivar a própria forragem nas capineiras, é possível reduzir os custos associados à compra de alimentos concentrados ou à aquisição de forragem de terceiros.

Outro benefício é o uso eficiente de áreas menores para o cultivo de forragem, o que contribui para o manejo racional dos recursos naturais, minimizando a pressão sobre pastagens naturais e ecossistemas frágeis.

Como resultado, ocorre a garantia de uma dieta de qualidade para os animais, que apresentam crescimento mais saudável e eficiente, além de uma maior produção de carne.

Do ponto de vista econômico e social, a implementação e manutenção das capineiras pode gerar também empregos temporários ou permanentes na comunidade local, impulsionando a economia, já que é necessário muitas vezes mão de obra para a sua implantação.

Além disso, a produção consistente de carne de qualidade a partir de animais saudáveis contribui para a segurança alimentar da população, promovendo uma oferta estável de alimentos.

Formação das capineiras para gado de corte

O processo de formação das capineiras começa com a escolha do local adequado. A área selecionada deve ter características favoráveis de solo, drenagem, exposição solar, ser plano ou levemente inclinado e próximo ao curral.

De acordo com pesquisadores da Embrapa, em geral, considera-se 1 hectare de capineira para 10 animais. O solo deve ser preparado, incluindo a correção do pH e a adubação de acordo com as necessidades das espécies escolhidas.

É preciso também fazer o cálculo de rendimento da forrageira. O capim-elefante, por exemplo, produz 100 toneladas de matéria verde por ano, o que rende 25 toneladas de matéria seca.

Para facilitar o manejo, a área deve ser dividida em talhões, sendo que cada talhão deve ter previsão de uso durante uma semana e de descanso por 45 a 60 dias. Assim, utiliza-se um talhão a cada sete dias.

Escolha das espécies

A escolha das espécies é um passo crucial para o sucesso da capineira. É importante selecionar espécies de gramíneas e leguminosas que se adaptem bem às condições climáticas e de solo da região.

Além disso, as espécies escolhidas devem ter alto valor nutricional e capacidade de crescimento rápido. Quando, ao invés de sementes, forem utilizadas mudas, estas devem ser saudáveis, de preferência proveniente de viveiros confiáveis, para garantir um bom estabelecimento na capineira.

Na escolha da gramínea para a utilização de capineira, deve ser considerada o potencial de produção de matéria seca, o valor nutritivo, a resposta à adubação e à irrigação, bem como a aceitabilidade dos animais. O alto vigor de rebrotação, a facilidade de propagação e resistência a pragas e doenças também são fatores que devem ser levados em conta.

Manejo da capineira

O manejo adequado das capineiras é essencial para manter a produtividade e a qualidade da forragem ao longo do tempo. Isso inclui, sempre que possível, práticas como irrigação, adubação, controle de pragas e plantas daninhas, poda e colheita.

Na adubação de manutenção, fertilizantes devem ser misturados e aplicados parceladamente após cada corte, durante a estação chuvosa, com o solo úmido e conforme as recomendações agronômicas de cada espécie cultivada.

É recomendado que a cada ano seja feita a análise de solo para reposição de elementos como o cálcio e o magnésio, que podem ser repostos pela calagem, conforme a necessidade apontada pela análise.

A frequência e intensidade dessas práticas podem variar de acordo com as espécies cultivadas e as condições locais. A rotação de pastejo ou a colheita sistemática também são estratégias para maximizar a produtividade e garantir um uso sustentável da capineira.

Os cortes, por exemplo, podem ser feitos quando o capim estiver com 1,5 a 1,8 metros de altura ou quando forem observadas folhas secas em sua base. O ideal é cortar uma quantidade que dê para alimentar os animais por dois dias.

De preferência, a forragem deve ser distribuída aos animais no cocho, usando balaios ou material similar, em quantidade suficiente para que o consumo não seja restringido, podendo ser administrada em uma ou duas porções diárias.

Desafios e boas práticas

A formação e manejo de capineiras podem apresentar desafios específicos, como a competição com plantas daninhas, a ocorrência de pragas e doenças, e a necessidade de equilibrar a quantidade de forragem produzida com a demanda dos animais.

Para enfrentar esses desafios, algumas boas práticas incluem:

  1. Monitoramento regular: acompanhar de perto o desenvolvimento da capineira e detectar rapidamente qualquer sinal de problemas, como pragas ou doenças;
  2. Rotação de culturas: alternar as espécies cultivadas ao longo do tempo pode ajudar a reduzir a pressão de pragas e doenças específicas;
  3. Manejo integrado de pragas: utilizar abordagens integradas para o controle de pragas, como o uso de inimigos naturais, minimizando a necessidade de produtos químicos;
  4. Adubação balanceada: fornecer os nutrientes necessários de acordo com as análises de solo e as necessidades das plantas;
  5. Programação de poda e colheita: realizar a poda e colheita nos momentos adequados para garantir o crescimento contínuo e a qualidade da forragem.

Conclusão

As capineiras desempenham um papel fundamental na promoção da saúde e nutrição do gado de corte, garantindo uma dieta equilibrada e rica em nutrientes essenciais.

Além disso, esses sistemas de manejo proporcionam eficiência na produção de carne, redução de custos e contribuição para o desenvolvimento das comunidades rurais.

Com uma seleção adequada de espécies, manejo cuidadoso e acompanhamento técnico de um profissional da zootecnia, os produtores podem colher os benefícios desses sistemas, melhorando a produção na pecuária de corte e a gestão da fazenda.

Para isso, é necessário também seguir boas práticas e estar atento às necessidades das plantas e dos animais, para aproveitar os benefícios das capineiras e promover a saúde e nutrição dos rebanhos.

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Este é um conteúdo didático e informativo. Não deve ser interpretado como recomendação agronômica, zootécnica ou veterinária.

Mario Bittencourt

Analista de Copywriting da Perfarm, é jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão e em Ciência de Dados. Faz mestrado em Agricultura de Precisão na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

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