Colheita de grãos: como planejar e melhorar os resultados

Para alcançar resultados satisfatórios na plantação, é crucial manter uma atenção cuidadosa em todas as fases relacionadas à cultura, desde o plantio e o planejamento da colheita até a própria operação de colheita de grãos.

Colheita de grãos de cevada

Com o aumento recorrente na produção de grãos a cada ano, a colheita, apesar de ser a última fase do processo, precisa de atenção especial para evitar perdas substanciais.

Além de executar a colheita no momento adequado, é necessário levar em consideração as variações nos grãos e a revisão dos equipamentos para garantir a qualidade.

Descubra neste artigo como planejar e melhorar os resultados na colheita de grãos. Boa leitura!

A importância de uma boa colheita na qualidade dos grãos

Uma boa colheita impacta diretamente na qualidade dos grãos e no sucesso da produção agrícola, trazendo mais lucro para o produtor rural.

Além disso, a colheita bem executada pode impactar positivamente diversos aspectos além da qualidade dos grãos, como a eficiência operacional e a reputação do agricultor.

Uma coleta cuidadosa dos grãos contribui para a preservação da qualidade nutricional dos grãos. Danos durante o processo podem resultar na perda de nutrientes essenciais, afetando a qualidade do produto final.

Grãos colhidos de maneira inadequada podem ser mais suscetíveis a pragas, deterioração e perda de qualidade durante o armazenamento.

A qualidade dos grãos é um fator determinante na comercialização. Grãos de alta qualidade têm maior aceitação no mercado, abrindo oportunidades para negociações mais favoráveis e a conquista de nichos de mercado.

A evidência disso é que no ano de 2022, o Brasil exportou mais 78,64 milhões de toneladas de soja e mais de 56 milhões de toneladas de milho.

Como fazer o planejamento da colheita de grãos para melhorar resultados?

A colheita de grãos envolve uma série de etapas para garantir que eles sejam colhidos no momento certo, preservando sua qualidade.

É um aspecto muito importante da produção, por isso os agricultores realizam práticas específicas com base em cada cultura cultivada.

O mapeamento dos processos envolvidos e controle de perdas são fundamentais para uma colheita bem-sucedida.

1. Mapeie todos os processos envolvidos na colheita

Antes de iniciar a colheita, é essencial ter uma compreensão de todos os processos envolvidos. Isso inclui desde a preparação do solo até o armazenamento pós-colheita.

Por isso, é recomendável separar um momento para mapear todas as etapas e o que deve ser feito em cada uma delas.

2. Lembre-se que o planejamento da colheita começa no plantio

O sucesso da colheita está diretamente ligado ao plantio.

Por isso, é importante escolher os tipos de grãos para cultivo, monitorar a saúde das plantas e estar atento a fatores que podem impactar o resultado final, como pragas e doenças.

Antes do plantio, é necessário realizar uma avaliação do solo para identificar a necessidade de nutrientes e técnicas de aração e gradagem.

As características do solo, como a acidez, a textura e a fertilidade, influenciam bastante na seleção da cultura a ser cultivada.

Além disso, o clima também é fator fundamental para o plantio de grãos, alguns preferem climas quentes e secos, enquanto outros prosperam em climas mais frios, como a cevada e a aveia.

Os Estados do Paraná e Santa Catarina são muito indicados para a produção desses tipos de grãos.

O controle de pragas e doenças é alto que deve ser levado em conta neste momento. Ele pode ser feito através de defensivos biológicos ou por meio da rotação de culturas.

A rotação de culturas é uma prática que envolve alternar o plantio de grãos cultivados em cada safra.

3. Escolha o tipo de colheita

A colheita manual e a colheita mecanizada são dois métodos distintos de coleta de culturas agrícolas, cada um com suas próprias características, vantagens e desvantagens.

Aqui estão as principais diferenças entre a colheita manual e a colheita mecanizada:

Colheita manual

A colheita manual envolve o trabalho manual de trabalhadores agrícolas para colher os grãos.

Ela requer uma quantidade significativa de mão de obra, o que pode ser custoso e depender da disponibilidade de trabalhadores.

É mais prática em áreas de cultivo menores, onde o uso de máquinas pode ser impraticável.

Além disso, a colheita manual é adequada para culturas delicadas que podem ser danificadas pelo manuseio mecânico.

Por conta disso, ela pode oferecer uma colheita mais cuidadosa e seletiva, preservando a qualidade dos grãos.

É comum em culturas de alto valor onde a integridade dos grãos é crucial.

Esse tipo de colheita também permite uma abordagem mais flexível, adaptando-se a terrenos irregulares ou condições específicas do campo.

Geralmente requer menos investimento inicial em equipamentos agrícolas em comparação com a colheita mecanizada.

Colheita mecanizada

Investir em maquinário agrícola moderno é indicado para otimizar a eficiência da colheita.

É significativamente mais rápida e eficiente do que a colheita manual, sendo adequada para grandes áreas de cultivo.

Apesar do investimento inicial em maquinário, a colheita mecanizada pode ser mais econômica a longo prazo devido à eficiência operacional e à redução da dependência da mão de obra.

Uma grande vantagem é que ela pode ser adaptada para colher uma variedade de culturas, desde grãos até vegetais e frutas, dependendo do tipo de colheitadeira utilizada.

Além disso, a colheita de grãos mecanizada permite uma produção em larga escala, atendendo a demandas comerciais substanciais.

A escolha entre colheita manual e mecanizada dependerá de vários fatores, incluindo o tamanho da área cultivada, o tipo de cultura, a disponibilidade de mão de obra e os recursos financeiros disponíveis para investimento em maquinário agrícola.

Em muitos casos, os produtores podem optar por uma combinação de métodos, dependendo das necessidades específicas de sua operação agrícola.

4. Faça uma revisão do maquinário agrícola que será utilizado

Revisar as máquinas é uma etapa importante da colheita de grãos. Dessa forma, você evita surpresas desagradáveis.

Invista na manutenção preventiva, pois ela ajuda prevenir maiores estragos no momento de uso.

Os atos de manutenção preventiva devem ser planejados e programados para que todo o serviço seja bem executado.

Se for necessário, recorra à manutenção corretiva, procure sempre uma oficina autorizada e de confiança.

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5. Regule a colheitadeira e planeje o tráfego das máquinas

É necessário regular a colheitadeira para reduzir as perdas que podem ocorrer durante o processo.

As regulagens mais comuns são na plataforma de corte, no elevador dianteiro, no cilindro, no côncavo, no cilindro batedor traseiro, na saca-palha, nas bandejas, nas peneiras, nos ventiladores e no mecanismo transportador.

Também é importante ajustar a velocidade de colheita para que ela seja constante. Isso porque altas velocidades podem causar prejuízos.

No momento de planejar a colheita, é importante manter controle do tráfego das máquinas.

Para isso, busque realizar a colheita na época apropriada, conte com mão de obra especializada e adapte o trânsito das suas máquinas.

6. Acompanhe a umidade dos grãos

A umidade dos grãos é um dos principais fatores que influenciam na operação da colheita.

Isso porque cada cultura possui um índice de umidade para que a operação seja feita de forma eficiente.

Por isso, no planejamento de colheita, é preciso se atentar a duas coisas:

Grãos expostos a umidade muito elevada podem ser prejudicados, pois a sua resistência mecânica é baixa;
Grãos muito secos podem ser despedaçados pelas máquinas.

O ideal é seguir o recomendado para cada cultura e manter um registro que contenha as informações de colheitas anteriores.

Quais são os indicadores que podem ser usados na colheita de grãos?

Com o aumento dos sistemas de produção, a colheita de grãos é a última etapa realizada e exige muita atenção, devido às perdas que podem ocorrer no processo.

Sendo assim, é importante conhecer os fatores que podem afetar a lucratividade da propriedade rural.

1. Funcionamento do maquinário agrícola

O funcionamento de um maquinário agrícola para colheita de grãos envolve algumas etapas. São elas:

  1. Corte;
  2. Alimentação;
  3. Trilha;
  4. Separação;
  5. Limpeza;
  6. Transporte e armazenamento dos grãos.

O correto funcionamento do maquinário pode otimizar a colheita e reduzir as perdas durante o processo.

Confira abaixo algumas partes importantes das máquinas colheitadeiras:

Plataforma de corte e recolhimento

As perdas na plataforma de corte podem ser significativas, caso a máquina não esteja bem regulada.

Regular a altura e a inclinação correta para o corte pode representar até 20% de redução das perdas totais.

A plataforma de corte e recolhimento possui molinetes com regulagens de posição horizontal e vertical, inclinação dos prensadores e rotação.

A rotação deve permitir um índice de velocidade do molinete entre 1,25 a 1,50. Este índice é determinado pela relação entre a velocidade do molinete e a velocidade de deslocamento da máquina.

Amostra de tanque graneleiro

A presença de grãos quebrados no tanque graneleiro indica a ocorrência de uma debulha excessiva ou uma velocidade do ventilador abaixo do ideal.

Para solucionar esse problema, é recomendável aumentar a folga do côncavo, o que resultará na diminuição ou eliminação da fragmentação dos grãos causada.

A obstrução do côncavo pode prejudicar os grãos, pois impede sua saída da área do côncavo.

A solução indicada é ajustar a velocidade do rotor e reduzir a folga do côncavo conforme necessário para corrigir o problema. Isso contribuirá para otimizar o processo de colheita e garantir a integridade dos grãos.

Distribuição de grãos na peneira superior

A porção frontal da peneira superior precisa estar completamente vazia de qualquer material.
Na parte central, é aceitável ter alguns grãos, mas principalmente resíduos. Quanto ao terço final da peneira superior, deve conter exclusivamente resíduos.

Se houver a presença de grãos no terço final da peneira superior, isso resultará em um aumento nos retornos e há o risco de que os grãos possam cair da parte traseira da colhedora.

Amostra de retrilha

É comum que a amostra de retorno inclua algumas espigas não debulhadas.

O propósito do sistema de retrilha é reintroduzir espigas não debulhadas na área de debulha para que passem novamente pelo sistema. Uma quantidade significativa de espigas não debulhadas sugere que a folga do côncavo está excessivamente ampla.

Perdas de grãos

As perdas de grãos em uma plantação podem ocorrer antes do início das operações das colhedoras. Portanto, é crucial possuir um entendimento preciso dos estágios fenológicos da cultura.

Dessa forma, ter um conhecimento mais aprofundado sobre agricultura de precisão pode contribuir para uma compreensão mais abrangente de maquinário e implementos, complementando o conhecimento específico da cultura que está sendo cultivada.

2. Perdas fisiológicas

As principais perdas associadas à fisiologia das plantas resultam da quantidade de água (umidade) presente nos grãos e do estágio de maturação fisiológica alcançado por eles.

Quando a cultura não atinge o ponto de maturação adequado, os grãos não se soltam corretamente das plantas. Um sinal desse problema é a presença de vagens não trilhadas que caem do saca palhas e das peneiras da colhedora, especialmente no caso da soja.

Outra questão está relacionada ao teor de umidade dos grãos, que, mesmo quando atingem a maturidade fisiológica, podem apresentar umidade superior ou inferior à recomendada para colheita mecânica (aproximadamente 13% de umidade).

No contexto da soja, o excesso de umidade nos grãos pode ser evidenciado pela quantidade de grãos quebradiços durante a colheita.

No caso do milho, grãos excessivamente úmidos ou secos podem resultar em espigas não colhidas no campo, além de provocar o acúmulo de grãos quebrados ou amassados, sabugos e sujeira no tanque graneleiro.

3. Perdas físicas

As perdas físicas geralmente estão associadas a obstáculos ou desafios físicos durante o processo de colheita, como o aumento de plantas invasoras, a variação na altura das plantas ou a irregularidade do terreno.

Essas situações muitas vezes podem ser corrigidas por meio de ajustes mais precisos na plataforma de corte e/ou molinete da colhedora.

Dificuldades relacionadas à altura das plantas ou à desuniformidade do terreno podem ser identificadas pelo acúmulo de plantas na barra de corte ou pelo enrolamento de plantas no molinete, especialmente quando há uma grande presença de plantas invasoras.

No contexto do cultivo de milho, esses indicadores estão diretamente ligados à perda de espigas. Plantas com uma inserção elevada de espigas podem resultar no arremesso lateral das espigas na plataforma de corte.

4. Perdas operacionais

As perdas operacionais estão ligadas às configurações dos diversos sistemas encontrados na colhedora.

Devido à conexão direta entre esses sistemas, equívocos nas configurações de um deles podem resultar em perdas também no sistema subsequente.

Por isso, é muito importante compreender o funcionamento do maquinário para fazer as regulagens corretas e evitar perdas.

A gestão da propriedade rural envolve o conhecimento e controle das perdas que podem provocar prejuízos para o produtor.

Diante disso, um software que é capaz de gerir a fazenda, fazer o controle de estoque e da cadeia de suprimentos é essencial para facilitar a rotina do fazendeiro.

Além disso, no sistema é possível registrar o abastecimento, registrar as manutenções (óleo, elétrica, filtros, radiador, peças, pneus), tudo de maneira individualizada por maquinário.

Com isso, tendo indicados de horas operadas totais, custos e valor patrimonial por maquinário para tomada de decisões mais precisas.

Tem alguma dúvida sobre a colheita de grãos? Deixe seu comentário abaixo!

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Gabriela Carvalho

Sou formada em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Possuo certificações em Marketing de Conteúdo, SEO e Inbound Marketing. Sou apaixonada pela escrita e escrevo para blogs há mais de quatro anos.

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