Como usar a DRE na gestão financeira do agronegócio

A utilização da DRE na gestão financeira envolve a coleta de dados que mostrarão a jornada de despesas e receitas, até o lucro líquido

DRE na gestão financeira (Foto: AdobeStock)

O aperfeiçoamento da gestão do agronegócio passa, essencialmente, pela utilização da DRE (Demonstrativo de Resultados do Exercício).

Ela é uma importante ferramenta contábil, complementar ao balanço patrimonial e ao fluxo de caixa rural, e que mostra as despesas e receitas do seu agronegócio.

É por meio da DRE na gestão financeira que você fica sabendo se seu agronegócio está dando lucro ou prejuízo, o que te permite tomar decisões estratégicas e assertivas.

Veja neste artigo como usar a DRE na gestão financeira!

O que é DRE gestão financeira?

A DRE é um relatório contábil sazonal que, em conjunto com o balanço patrimonial e o fluxo de caixa, mostra se as operações da fazenda ou empresa rural dão lucros ou prejuízos.

Assim, ela avalia a saúde financeira do seu agronegócio e auxilia na tomada de decisões, podendo ser solicitado também por governos, bancos, analistas financeiros, etc.

Os bancos e instituições financeiras, inclusive, podem solicitar a DRE para avaliar a liberação ou não de crédito para o agronegócio.

Na DRE são mostrados os dados de receitas e despesas do agronegócio. Ela aponta o resultado líquido do seu desempenho e detalha a real situação operacional do seu negócio.

Nesse sentido, quanto mais detalhada a sua DRE, melhor, pois ela vai te dar informações seguras sobre as despesas e receitas.

As regras para elaboração da DRE estão na Lei 6.404/1976, que dispõe sobre as sociedades por ações.

Para que esteja dentro das normas legislativas, a DRE deve ser feita por um contador, já que o profissional registrado no conselho de classe precisa assiná-la.

Além de servir para análise de dados e verificação sobre receitas e despesas, a DRE serve ainda para o planejamento estratégico anual da próxima temporada.

Isso porque a DRE te dá informações seguras sobre o real desempenho do seu agronegócio e te permite avaliar a melhor forma de obter mais lucros.

Assim, a elaboração desse relatório contábil é essencial para que a cada ano você estabeleça metas com vistas ao desenvolvimento da sua empresa rural.

Além disso, a DRE serve também como base para calcular impostos de empresas rurais que se enquadram nos regimes tributários de Lucro Presumido e Lucro Real.

A coleta de dados é essencial para a análise da DRE (Foto: AdobeStock)

O que mostra a DRE na gestão financeira do agronegócio?

Conforme o Art. 187, da Lei 6.404/1976, a DRE deve mostrar: 

  • a receita bruta das vendas e serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e os impostos;
  • a receita líquida das vendas e serviços, o custo das mercadorias e serviços vendidos e o lucro bruto;
  • as despesas com as vendas, as despesas financeiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais;
  • o lucro ou prejuízo operacional, as outras receitas e as outras despesas;
  • o resultado do exercício antes do Imposto sobre a Renda e a provisão para o imposto;
  • as participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa;
  • o lucro ou prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social.

Já na determinação do resultado do exercício deve ser registrado o seguinte:

  • receitas e os rendimentos ganhos no período, independentemente da sua realização em moeda;
  • e custos, despesas, encargos e perdas, pagos ou incorridos, correspondentes a essas receitas e rendimentos.

Quem é obrigado a fazer a DRE na gestão financeira?

A elaboração e divulgação da DRE são obrigatórias para todas as pessoas jurídicas com capital aberto e devem ser feitas ao fim de um exercício (geralmente, a cada 6 meses).

O objetivo é manter os investidores informados sobre o desempenho da empresa e garantir a transparência no mercado de ações.

Sociedades limitadas (LTDA) devem fazer a DRE, mas não precisam divulgá-la, podendo manter o documento em arquivo impresso para apresentação ao Fisco, em caso de auditoria.

As demais empresas rurais não são obrigadas por lei a fazer a DRE, mas a recomendação é que ela seja feita, já que se trata de uma ferramenta de gestão financeira de grande relevância.

Benefícios da DRE na gestão financeira do agronegócio

  • analisar e interpretar corretamente as informações do seu agronegócio;
  • aumentar do lucro com a tomada de decisões assertivas;
  • controle preventivo do fluxo de caixa;
  • permite reavaliar crédito ou alternativas para expandir o negócio; 
  • identifica o ponto de equilíbrio da cadeia de produção.

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Como se faz uma DRE?

Uma DRE na gestão financeira do agronegócio precisa ser feita da forma mais simples e intuitiva possível para que a análise dos dados possibilite tomar decisões assertivas.

O relatório deve ter uma sequência lógica, com receitas menos dedução de impostos, custos e despesas, com a inclusão de dados contábeis e administrativos.

A DRE deve obedecer ao princípio do regime de competência, em que o registro deve ser feito na data em que ocorreu o evento, sejam entradas (vendas) ou saídas (despesas e custos). Ou seja, o registro deve ser feito na data do fato gerador.

Veja abaixo o que deve conter em sua DRE:

  • Receita Bruta: tudo que entra no caixa ou patrimônio da empresa rural, seja em forma de dinheiro ou créditos representativos de direitos;
  • Deduções e abatimentos: são as devoluções de vendas, descontos e abatimentos de impostos que incidem sobre a venda;
  • Receita líquida: é o montante que a empresa rural recebe pela venda dos seus produtos ou serviços;
  • Custos de produtos vendidos (CPV): são os custos de produção daquilo que você comercializa;
  • Lucro bruto: diferença entre o que foi faturado (receita líquida) e gasto na produção (CPV);
  • Despesas com vendas: são variáveis, podendo ser comissões de vendedores ou demais custos pós-venda;
  • Despesas administrativas ou fixas: são os gastos necessários para fazer a empresa rural funcionar;
  • Despesas financeiras: são os gastos com juros e multas, sendo que devem entrar nelas também as variações cambiais;
  • Resultados antes do IRPJ e CSLL: apresenta o resultado do cálculo antes do desconto do IRPJ (Imposto de Renda de Pessoa Jurídica) e CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido);
  • Resultado líquido: é obtido a partir da subtração de todos os impostos e taxas pagas do lucro bruto. É o resultado geral da empresa rural. Quanto mais positivo, mais lucro para seu agronegócio.

Como analisar a DRE na gestão financeira

A análise da DRE pode ser feita de duas formas: horizontal e vertical.

A análise horizontal visa compreender o aumento ou redução de todas as contas ao longo dos meses, já que ao longo do tempo pode haver variação de saldos dos demonstrativos contábeis, sendo isto um indicativo de crescimento da empresa rural.

Essa análise busca a comparação dos resultados para os mesmos elementos, levando-se em conta exercícios ou períodos distintos.

Ela informa se há potencial de mercado ou não, conforme o resultado das vendas.

A análise vertical, por sua vez, relaciona um elemento da DRE com a categoria que o integra, sendo possível comparar os resultados financeiros de um produto ou serviço com o de outros, sendo este similares ou não.

Nessa análise, é possível comparar despesas, receitas e custos em relação ao faturamento bruto, e notar quais despesas influenciaram no lucro líquido.

Veja nesta live respostas sobre a utilização da DRE na gestão financeira do agronegócio:

Conclusão

O aperfeiçoamento da gestão financeira do agronegócio deve ser uma constante, para que as análises dos dados possibilitem a tomada de decisões estratégicas.

Nesse sentido, a utilização da DRE na gestão financeira do agronegócio é de grande importância, já que suas informações podem contribuir para melhorar os resultados e ampliar o lucro. 

O custo de produção em relação ao preço de venda do produto é o que gera lucro, e este é quem determina se vale a pena continuar investindo em determinada atividade ou não.

>> Tem alguma dúvida sobre gestão financeira no agronegócio? Envie nos comentários!

Mario Bittencourt

Analista de Copywriting da Perfarm, é jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão e em Ciência de Dados. Faz mestrado em Agricultura de Precisão na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

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4 Resultados

  1. Antonio Carlos Ariboni disse:

    Utilizo o aplicativo PERFARM há 2 anos e estou começando o terceiro ano. Minha dúvida é: Como são contabilizados resultados de produções que levam 5 a 6 anos para se efetivar a venda. Me refiro a plantação de eucaliptos. Há um potencial de valores que vão se somando a cada ano, mas que contudo não representam entrada de caixa. Como fica esse valor na DRE?

    • Daniela Tanabe (Consultoria Perfarm) disse:

      Olá, Antônio, muito obrigada por sua ótima pergunta!

      No caso de produções perenes (café, eucalipto, frutas, etc.), produção animal e até mesmo alguns casos de lavouras temporárias, é necessário contabilizar os investimentos realizados ao longo do ciclo de produção, pois sabemos que existe alto valor inicial que precisamos depreciar ao longo do tempo.

      Nessas situações os valores de investimento são considerados ativos biológicos, que são transferidos ciclo após ciclo carregando o seu valor e o diluindo ao longo do tempo.

      Com a realização dessa atividade de transferência, conseguimos visualizar, na DRE, o investimento e desinvestimento de ativo biológico como um custo produtivo.

      A DRE da produção que finaliza e transfere esse ativo para o próximo ciclo tem um desinvestimento de ativo biológico. Enquanto a lavoura que se inicia recebe esse investimento, como se fosse um custo inicial dessa produção.

      Quando geramos um relatório agregado dessa cultura ao longo do seu ciclo produtivo visualizamos o investimento inicial e sua diluição e retorno ao longo dos anos.

      Para podermos visualizar os resultados na DRE de 5 a 6 anos da produção de eucalipto, é possível criar uma DRE no campo “Seu Negócio” do nosso sistema via web.

      Neste campo, ao adicionar uma nova DRE seleciona-se todas as produções vigentes de cada ano. Temos um tutorial a respeito desse assunto: https://perfarm.octadesk.com/kb/article/lucros-e-resutados-junto-a-dre-detalhada

      Em caso de dúvidas, entre em contato com nosso suporte (19) 99692-9923 que agendaremos uma conversa. Um abraço!

  2. João disse:

    Gostaria de saber em qual conta da DRE entram as despesas de manutenção da pastagem e do solo, por gentileza.

    • Olá, sr. João! Na DRE pode ser visto de duas maneiras: na alocação real de custo, aonde o sr. destina exatamente através da alocação de custo nas atividades; e de maneira rateada, aonde ocorre uma divisão desse custo entre as produções ativas daquela unidade de negócio. Se restou alguma dúvida, só enviar! Grato, abraço!

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