Saiba qual é o custo da operação de troca (barter) para o seu lucro!

Negociações comerciais por meio de troca (barter) de mercadorias são comuns em diversos setores do agronegócio brasileiro.

Nelas, o produtor compromete-se a entregar parte da sua produção no final da safra em troca do recebimento de insumos de produção no início da safra.

As relações de troca, como o barter, caracterizam operações de financiamento da produção e tem um custo para o produtor.

Você pode conferir o custo das suas negociações de troca na planilha que acompanha este artigo, “Cálculo do Custo do Barter”.

Barter: baixar ferramenta de cálculo

Na troca, o produtor recebe um pacote de insumos que tem certo valor em dinheiro. E alguns meses depois, tem a obrigação de devolver este valor em dinheiro, na forma de produção.

Na essência, este produtor está tomando um empréstimo financeiro, ainda que não veja o dinheiro transitando no fluxo de caixa da sua empresa rural.

Negociações de troca, como quaisquer outras negociações em dinheiro, devem ser mensuradas, valoradas e avaliadas junto a fontes alternativas de recursos e negociações.

Saber como está negociando suas relações de troca, e outras condições comerciais, pode trazer elevados lucros adicionais para o produtor rural.

Infelizmente no Brasil, muitos produtores que demonstram excelência operacional (ex: alta produtividade agrícola) passam por dificuldades financeiras pela falta de informações precisas no momento de negociarem a compra de insumos ou a venda da produção.

O que é a troca (barter) e qual é o seu custo?

Negociações de troca são também chamadas de barter em algumas situações. Elas envolvem o recebimento de insumos pelo produtor rural de uma ou mais empresas, mediante a obrigação de entrega futura de parte da sua produção rural.

Ela é comumente encontrada em setores do agronegócio brasileiro como grãos e oleaginosas. E foi responsável por viabilizar parte do recente crescimento desses setores, à medida que traz alguns benefícios para o produtor:

  • Crédito para financiamento da safra;
  • Terceirização da gestão financeira;
  • Trava de preços de commodities.

Tal tipo de negociação é encontrada apenas no Brasil. Uma vez que a legislação brasileira tem especificidades em relação a outros países, que permitem a redução de riscos da negociação para as partes envolvidas.

Para que a operação de troca (ou barter) aconteça, normalmente o produtor precisa assinar uma Cédula de Produto Rural (CPR).

A CPR é um instrumento jurídico que garante a obrigação da entrega da produção para a contraparte envolvida.

Foi estabelecido em lei em 1994 e, desde então, tem viabilizado recursos para suprir a crescente necessidade de capital de giro para produtores aumentarem suas produções.

A negociação via troca de mercadorias pode ser feita por diversos agentes.

O produtor rural pode entrar em troca diretamente com uma revenda de insumos, que por sua vez, pode ou não ceder os créditos (a promessa) de recebimento de grãos para uma outra empresa, a organizadora de grãos.

A operação também pode contar com envolvimento de empresas de insumos (sementes, defensivos ou fertilizantes) e bancos.

Como a grande maioria das operações financeiras, o barter tem custos envolvidos, que podem ser maiores ou menores do que negociações alternativas.

Segundo dados do IMEA (Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária), o barter já é responsável por mais de 30% do custeio da safra de soja e milho no Mato Grosso (vide gráfico abaixo):

troca (barter)

Fonte: IMEA, 2018

Você pode calcular o custo da suas operações de troca a partir da planilha “Cálculo do Custo do Barter”.

Barter: baixar ferramenta de cálculo

Tais custos financeiros de barter tem influência direta sobre a  lucratividade do produtor rural. Como os insumos agrícolas perfazem grande parte dos custos de produção, negociações mal feitas podem reduzir abruptamente os seus lucros. Estes custos, se não mensurados, monitorados, e seus benefícios avaliados junto a outras áreas da gestão, certamente podem levá-lo a dificuldades financeiras graves.

Mas, o que este custo representa e por que você, produtor rural, está pagando por ele?

Crédito para financiamento da safra?

A operação de troca, ou barter, funciona exatamente como uma operação de financiamento bancário.

O instrumento jurídico Cédula de Produto Rural (CPR), comumente estabelecido nessas relações de troca, assemelha-se à Cédula de Crédito Bancário (CCB), Nota Promissória, ou outros instrumentos que asseguram operações financeiras de crédito.

Dependendo das garantias que acompanham o documento, a empresa fornecedora de insumo terá seus direitos de recebimento de grãos assegurados por lei, da mesma forma que empréstimos bancários.

Em algumas situações, inclusive, a lei garante maior rigidez e agilidade de execuções em operações de CPR, quando comparadas a empréstimos tradicionais.

A relação de troca (barter), da mesma forma que financiamentos tradicionais, vem acompanhada de juros e taxas de administração.

O dinheiro por trás dos insumos que permanecerão com o produtor até o momento em que ele retorne a produção para empresa contraparte, tem um custo.

Afinal, em muitas situações, a própria empresa toma um empréstimo para permitir que o produtor fique meses sem “pagar”  por estes insumos, sem que isso prejudique os números financeiros dela mesma.

A empresa provedora da operação é obrigada (na maioria dos casos), por lei, a declarar essas operações como empréstimos ou adiantamento a fornecedores e/ou compradores em seus relatórios financeiros (balanço patrimonial).

Apesar de não ficar explícito o montante de juros cobrado nestas transações, é possível calculá-los a partir de poucos dados de mercado.

Quando comparamos os valores à vista de pacotes de insumos disponíveis no mercado, com aqueles ofertados e precificados via troca com a produção, como em volume e preço de sacas de soja, constatamos uma diferença dos valores.

Esta diferença, é a margem financeira da operação.

Um custo financeiro, que pode resultar em lucro financeiro adicional, acima daquele já cobrado pela mercadoria propriamente dita – como aquele da compra à vista.

Este custo deve ser avaliado e comparado a outras fontes disponíveis de crédito. Na planilha anexa, é possível ver a margem de lucro, ou prejuízo, adicional fruto da escolha de fontes alternativas de custeio da lavoura.

Claramente, a fonte de financiamento via barter, se faz muito eficaz em diversas situações.

Seja por apresentarem custos inferiores a outros empréstimos, ou ainda, por serem muitas vezes a única alternativa de crédito para o produtor.

O segundo, em casos que o produtor não tenha bancabilidade. Ou seja, não disponha de linhas adicionais de crédito.

Quando não tiver financiamentos alternativos disponíveis, contudo, ainda assim é importante avaliar se o financiamento da safra com o dinheiro próprio ao invés de troca – ainda que precise fazer certos desinvestimentos para tê-lo em mãos – caracterizará maiores lucros e rendas para o produtor.

Uma análise do objetivo do produtor, se lucratividade ou aumento da produção ou área plantada por exemplo, é relevante para estas situações.

Há quem argumente que há muitos outros benefícios de troca (barter), além do crédito. E isso é verdade.

Acima de tudo, estamos falando de um empréstimo financeiro onde o produtor não tem o dinheiro, efetivamente, passando em suas mãos.

Ainda, o barter também caracteriza a terceirização da gestão financeira do produtor.

Terceirização da gestão financeira

Muitos dos juros cobrados por instituições financeiras são proporcionais aos riscos da não devolução do dinheiro por parte do tomador.

Essas instituições avaliam o risco de mau uso do dinheiro por aquele que o recebe.

No caso do barter, este risco é reduzido pois o produtor recebe os insumos para serem empregados diretamente na produção.

Ao contrário do dinheiro que pode ser usado, por exemplo, para uma viagem em família, estes insumos não teriam muitas outras saídas, senão serem empregados na produção.

Técnicos da empresa provedora do barter, muitas vezes, visitam a propriedade para constatarem se de fato a lavoura foi plantada e minimizam os riscos do não recebimento da produção.

É aí que a empresa terceira está fazendo a gestão financeira (entre outras) para o produtor. O dinheiro não passará pelo produtor e não há decisões de gestão, como realocação de recursos que podem ser tomadas.

O empréstimo concedido via barter, necessariamente, vai ser empregado nos insumos que foram acordados.

Em caso de necessidade de realocação de dinheiro interno, isso não se faz possível, pois o mesmo já está juridicamente comprometido na operação.

Muitas vezes, o produtor não terá flexibilidade para operar no mercado de venda de commodities. Não terá flexibilidade para armazenar a produção e buscar melhores preços.

Não conseguirá “abrir” operações de hedge (trava) para negociar em mercados de commodities, câmbio ou logística.

Pelos riscos reduzidos da gestão financeira, é que a operação de barter “deveria” ser mais barata que operações de banco.

Mas, alguém está fazendo a gestão financeira pelo produtor. E deve ser remunerado por este serviço. Justamente o provedor da troca, e ele cobra por isso.

Em suma, uma vez tomada a decisão de fazer o barter, a gestão financeira se encerra por aí, uma vez que não há novas decisões que podem ser tomadas.

A menos que se estabeleça um contrato onde o preço não tenha sido  fixado. Neste caso, resta uma decisão a nível de gestão que pode ser tomada. Não no âmbito da gestão financeira, mas apenas da gestão comercial.

Troca (barter): trava de preços de commodities

A gestão comercial compreende, entre outros aspectos, a decisão sobre o melhor momento de venda dos produtos.

Decisão essa que pode influenciar o volume vendido e preço sobre eles. Uma estratégia comercial comumente utilizada para reduzir riscos que mercados oferecem ao preço pago pela produção, é a trava de preços futuros.

Ela é fundamental quando o agronegócio não apresenta estratégias internas de redução de riscos de preços.

Operações de trava de preços podem ser feitas em bolsas de valores, ou em mercados de balcão. Tem a finalidade de garantir o preço pago pela produção para um determinado volume vendido.

Tais operações, como todas as operações financeiras, tem custos a elas associados. Custos esses, que quando não monitorados, podem levar produtores a saírem da atividade.

As negociações de troca podem vir associadas a um preço pré-fixado.

Empresas que tem recorrência em operações de mercado futuro, como aquelas onde existem as travas de preço, assumem o risco quanto ao monitoramento destes custos e de “posições” em bolsas no mundo todo.

Neste caso, e como explanado acima, a gestão financeira fica toda na mão da empresa terceira, no que diz respeito à venda da produção e gestão dos principais custos desta produção.

Porém, esta gestão terceirizada, como já comentado anteriormente, apresenta um custo, e este custo chega ao produtor.

O custo embutido na precificação de troca (barter), ou das relações de troca.

Qual é o custo da sua relação de troca (barter)?

Conforme apresentado neste artigo, as operações de troca carregam consigo diversos custos que não são facilmente visíveis em sua essência.

 

Custos que associam-se a certos benefícios, mas que merecem avaliações cautelosas quanto à estratégia que dará maior lucro ao produtor.

Você pode conferir o custo das suas negociações de troca na planilha que acompanha este artigo, “Cálculo do Custo do Barter”.

Barter: baixar ferramenta de cálculo

Agora, vamos a um exemplo prático.

Imagine que você, leitor,  tenha um custo de transação de troca (barter), calculado a partir da planilha anexa, com  um custo financeiro de 20% ao ano, e que você também tenha à sua disposição uma linha de custeio bancário com o custo de 15% de juros ao ano.

Qual dos dois meios de custeio da sua safra seria mais interessante em termos de lucratividade?

Neste caso, a segunda opção, a linha de custeio bancário com custo de 15%, definitivamente te ofereceria uma melhor oportunidade de aumentar os seus lucros.

Se os seus custos com pacote de insumos perfazem 60% do custo total da sua produção com troca (barter), a estratégia de tomar uma dívida no banco a 15% ao ano junto à compra à vista desse pacote de insumos, reduzirá seus custos em pelo menos 3%.

Em uma atividade, onde produtores tem margens apertadas, os 3% de redução de custos podem garantir todo o lucro no ano, caso ele seja zero antes dessa nova estratégia.

Estimamos margens financeiras de troca (barter) acima de 30% ao ano, segundo dados e pesquisas internas da Perfarm.

Avaliamos que há grandes oportunidades alternativas para aumento de lucros para aqueles que tem saído de tais operações  – mesmo em situações onde deva-se fazer desinvestimentos para custear a lavoura com recurso próprio.

Para aquelas transações em que a troca (barter) apresenta margens inferiores àquelas praticadas por fontes alternativas, não há dúvidas quanto à viabilidade de manter-se em negociações dessa natureza.

troca (barter)

Fonte: Perfarm

O importante é ter a visibilidade dos números. Tomar decisões bem-informadas e conscientes aos objetivos estabelecidos  para seu agronegócio.

A sustentabilidade de lucros do seu agronegócio é o que garantirá a permanência na atividade para o longo prazo.

Não é o aumento de área plantada. São vários os exemplos de produtores grandes, que perdem tudo de uma hora para outra.

Não deixe isso acontecer com você, produtor!

Precifique o seu barter. Tome decisões com base nas análises relevantes ao seu agronegócio.

Procure análises de gestão que mudem a sua gestão em mais de R$ 1 milhão.

Acesse a planilha “Cálculo do Custo do Barter”, e calcule o custo da sua operação de troca.

Barter: baixar ferramenta de cálculo
Por Luiz Roberto Sodré
CEO da Perfarm
Foi envolvido diretamente na estruturação de transações de barter que superam R$ 1,5 bilhão.

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