O que é cafeicultura: saiba tudo sobre a produção no Brasil

O que é cafeicultura: conheça todas as operações que envolvem a produção de café, desde a plantação até a comercialização final

O que é cafeicultura (Envato Elements)

A cafeicultura envolve uma série de etapas que vão desde a produção no campo ao beneficiamento e a industrialização, até chegar ao consumidor final.

Ela foi introduzida no Brasil no século 18 e se destaca como uma das principais atividades econômicas do país, que é o maior produtor e exportador de café do mundo.

Para se manter competitivo, o setor tem passado por diversas transformações, com a introdução de novas técnicas e uso de tecnologias para ganho de eficiência produtiva.

Tais mudanças refletem no bom desempenho da cafeicultura, que enfrenta também vários desafios, a exemplo de uma maior profissionalização da gestão. Saiba mais neste artigo!

O que é cafeicultura?

A cafeicultura é uma atividade agrícola que tem como produto final o café, bebida muito apreciada em diversos países, devido ao seu sabor e aroma, além do caráter socializante. 

Até chegar ao consumidor final, o café passa por uma série de etapas que incluem: o cultivo, a produção, o armazenamento, o beneficiamento e a comercialização.

No campo, essas etapas podem ocorrer de formas diferentes, conforme o tipo de café que se deseja produzir e a realidade de cada propriedade rural.

Assim, o café pode ser produzido na:

  • Cafeicultura familiar: é a produção de café que tem como base a mão de obra familiar, produzido em pequenas propriedades, muitas das quais têm se especializado em produzir uma bebida de qualidade, por ser mais valorizada no mercado;
  • Cafeicultura empresarial: consiste na cafeicultura de larga escala, feita em grandes propriedades, nas quais também ocorre o beneficiamento do café, tendo a possibilidade de fazer tanto o café commodity quanto o especial;
  • Cafeicultura de precisão: também conhecida como cafeicultura 4.0, diz respeito à aplicação das inovações e tecnologias da agricultura de precisão na produção de café, com foco numa gestão eficiente que proporcione aumento da produtividade, redução de custos e menor impacto no meio ambiente. A cafeicultura de precisão pode ser aplicada tanto em pequenas quanto em grandes propriedades. 

Outra característica da cafeicultura é que ela é considerada uma cultura agrícola perene, já que a planta do café tem ciclo longo de vida, podendo chegar a 25 anos.

Após plantado, o pé de café inicia a sua produção entre 3 a 4 anos, a depender da variedade, do sistema de produção e das características regionais.

Qual a importância da cafeicultura?

A cafeicultura é de grande importância para a economia do Brasil, por ser grande gerador de empregos e riquezas, e ao longo do tempo tem influenciado os hábitos da sociedade.

No Brasil são cerca de 330.000 cafeicultores – sendo 78% deles pequenos produtores –, distribuídos em pouco mais de 1.900 municípios.

Além de café Commodity, o Brasil produz cafés especiais, o que faz o produto nacional estar presente em 122 países, incluindo os mercados consumidores mais exigentes.

Desde que chegou ao país, em 1727, trazido da Guiana Francesa, pelo oficial português Francisco de Mello Palheta, as plantações de café têm avançado para diversas regiões.

No país são cultivadas as espécies arábica (Coffea arabica) e conilon (Coffea conephora), conhecido como robusta ou canéfora. Para 2023 está prevista colheita de 54,7 milhões de sacas de 60 kg, sendo 69,3% arábica e o restante conilon. 

A produção nacional de café é concentrada em Minas Gerais, Espírito Santo, São Paulo, Bahia, Rondônia e Paraná, contudo apenas três produzem 95% conilon: Espírito Santo, Bahia e Rondônia.

Mas a cafeicultura tem avançado para outras regiões, como o Centro-Oeste. No Mato Grosso, a produção do conilon chegou a 227,9 mil sacas de 60 kg em 2022.

Segundo o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), ano passado o Brasil exportou 39,3 milhões de sacas, com receita cambial recorde de US$ 9,2 bilhões.

Com isso, o café respondeu por 2,8% das exportações totais realizadas pelo Brasil em 2022, que renderam US$ 334,463 bilhões ao país.

Quando se analisa o desempenho dentro do agronegócio (US$ 159,091 bilhões), a representatividade dos embarques da cafeicultura sobe para 5,8%.

O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de café. Seus principais concorrentes são Vietnã, Colômbia, Indonésia e Honduras.

Cafeicultura conservacionista

A cafeicultura sustentável é aquela que segue uma regulamentação específica para o plantio, manejos de solo e planta, colheita, armazenamento e torrefação, o que favorece o maior controle das etapas de produção e atendimento às exigências do mercado.

A sustentabilidade na cafeicultura diz respeito tanto à economia quanto aos cuidados que se deve ter com os recursos naturais, sobretudo água e solo, além de práticas conservacionistas, como, por exemplo, o aproveitamento de resíduos para compostagem e uso de bioestimulantes.

É cada vez maior a preocupação dos mercados consumidores mais exigentes com a sustentabilidade ambiental na produção agrícola, e isto inclui a cafeicultura.

Uma pesquisa recente do World Coffee Portal (WCP) destacou que a nova geração de empresários millennials desejam mais que uma experiência ao beber uma xícara de café.

É nesse contexto que surgem alternativas para o desenvolvimento de novos conceitos, como o de agricultura regenerativa e o de sequestro de carbono na cafeicultura.

Também surgem novas exigências, como a certificação na cafeicultura e a rastreabilidade, para dar mais transparência à produção e proporcionar algo a mais que uma experiência no ato de beber o café.

As certificações, por exemplo, são variadas, podendo ser voltadas para:

  • Café Sustentável;
  • Café Especial;
  • Café Orgânico;
  • Café de Origem;
  • Café Gourmet;
  • Café Fair Trade (de comércio justo).

Elas são essenciais para quem deseja atuar no mercado de cafés especiais e gourmet, em que a sustentabilidade em toda a cadeia produtiva é uma das principais características.

Em 2022, os cafés diferenciados, com qualidade superior ou com certificado de práticas sustentáveis, responderam por 17% das exportações totais do Brasil, com 6,7 milhões de sacas, proporcionando receita de US$ 1,8 bilhão.

Como funciona uma lavoura de café?

Uma lavoura de café exige cuidados específicos em cada fase de produção no campo e fora dele para garantir que o produto final seja uma bebida de qualidade.

O cafeeiro tem seu ciclo de desenvolvimento dividido em seis fases: duas vegetativas e quatro reprodutivas.

A fase vegetativa de produção de café inclui a:

  1. Germinação, vegetação e formação das primeiras gemas foliares;
  2. Indução e maturação das gemas florais;

E a fase reprodutiva a:

  1. Florada;
  2. Granação (ou enchimento) dos frutos;
  3. Maturação dos frutos;
  4. Repouso e senescência (enfraquecimento) dos ramos terciários ou quaternários.

Conhecer cada uma dessas fases é essencial para saber como plantar café, pois elas exigem manejos que precisam ser realizados para haver uma boa produtividade.

Além disso, são necessários cuidados após a colheita do café, como lavagem, seleção, despolpamento, secagem, torrefação, classificação, empacotamento e moagem, dentre outras ações realizadas para fazer o café chegar ao consumidor.

Uma das etapas também importantes é a da comercialização do café, que, por ser uma commodity, tem o seu preço internacional baseado nas bolsas de valores de Londres (conilon) e Nova York (arábica).

Por conta disso, o café sofre com grande volatilidade no preço, podendo durante o ano passar por grandes oscilações, sobretudo por conta da oferta e demanda, bem como dos estoques mundiais. Por isso, é preciso estar sempre atento ao preço do café.

Cafeicultura e tecnologia

A cafeicultura brasileira tem conquistado avanços importantes com a introdução de novas tecnologias para aumento da sustentabilidade econômica e ambiental da atividade.

Vários estudos mostram, por exemplo, o ganho de eficiência da cafeicultura de precisão em relação aos manejos tradicionais de produção, com destaque para as relações entre a variabilidade do solo e seus impactos sobre as plantas, bem como para o uso racional de defensivos e fertilizantes, o que favorece a redução do custo de produção.

Com isso, novas formas de gestão da cafeicultura vêm sendo desenvolvidas para melhoria do sistema produtivo como um todo e maior resiliência frente às mudanças climáticas.

Dentre as tecnologias utilizadas, estão os sensores terrestres (manuais), aéreos (drones) e orbitais (satélites), que auxiliam no monitoramento das lavouras, fazendo com que possíveis problemas sejam resolvidos em menor tempo.

Uma das principais novidades na cafeicultura é a utilização de drones, muito úteis para pulverizar áreas de montanhas ou de difícil acesso com equipamentos, como bombas costais.

No pós-colheita, já são utilizados sensores nos maquinários para classificação e separação automática de grãos, dando mais eficiência na produção de cafés especiais.

Em lavouras irrigadas é possível utilizar equipamentos que acompanham 24h as condições climáticas e fornecem à planta a quantidade de água necessária para o seu desenvolvimento e alcance do seu máximo potencial produtivo.

Gestão na cafeicultura

O aperfeiçoamento da gestão na cafeicultura é um dos desafios do setor, principalmente porque a grande maioria dos cafeicultores são pequenos produtores, que necessitam de capacitação para aperfeiçoar seus processos gerenciais, para obter melhores resultados e maior lucratividade.

Uma das formas de buscar aperfeiçoamento é por meio do Universidade Perfarm, onde é possível fazer cursos de rotinas administrativas e gerenciais, desde o nível básico ao avançado.

Com o aperfeiçoamento da gestão, é possível fazer análises de dados e planejamentos estratégicos de acordo com a realidade da fazenda, o que proporciona maiores ganhos de rentabilidade.

Conclusão

Se manter competitivo em um mundo globalizado é um dos principais desafios de quem produz café hoje no Brasil, onde o mercado interno também é cada vez mais acirrado.

Inclusive, pesquisas recentes têm apontado para o aumento do consumo interno de cafés de qualidade superior, o que representa para os cafeicultores uma ótima oportunidade de aumento dos rendimentos, já que esse tipo de café tem preço mais elevado.

Assim, é mais uma demonstração da importância da cafeicultura para a economia e a sociedade brasileira, onde os hábitos de consumo precisam ser acompanhados por parte de quem produz café.

Leia mais: saiba tudo sobre a colheita de café

Mario Bittencourt

Analista de Copywriting da Perfarm, é jornalista e pós-graduado em Agricultura de Precisão e em Ciência de Dados. Faz mestrado em Agricultura de Precisão na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM).

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