Consultoria Estratégica: o que é e qual o seu diferencial?
Consultoria estratégica: no agronegócio, são diversos os tipos de consultoria, e cada uma tem seu diferencial, conhecimento e área de atuação
O agronegócio brasileiro é altamente estratificado quanto ao uso de tecnologias e, consequentemente (em sua maioria), a produtividades e retornos econômicos.
Grande parte deste feito se deve a ação de diversas consultorias, ou prestadores de serviços de diversas áreas que auxiliam de alguma maneira os produtores rurais a aumentarem seus lucros.
Contudo, consultoria é uma palavra muito utilizada e que muitas vezes acabam por generalizar e igualar os tipos de consultorias existentes. São diversos os tipos, e cada uma tem seu diferencial, conhecimento e área de atuação.
Esta última por sua vez, deve ser escolhida com base nas necessidades de cada agronegócio, o que muitas vezes ocorre de forma errônea ou equivocada.
Consultores de uma área de atuação muitas vezes envolvem outra área, fora de sua especialidade, levando recomendações imprecisas e que não condizem com a realidade da produção em questão.
Tipos de consultoria estratégica
São muitos os tipos de consultoria que encontramos no mercado de prestação de serviço ao setor primário do agronegócio. Vamos listar algumas e descrevê-las brevemente:
Consultorias Técnico-Produtivas: Este tipo de consultoria, como o nome diz, é focada no nível técnico, ou seja, atua na produção propriamente dita, recomendando taxas de aplicação de insumos, formas de manejo, utilização de diferentes produtos (ex.: insumos, medicamentos, reprodutores), entre outros. No agronegócio, tem um grande papel na difusão de tecnologias de campo e coordenação de atividades operacionais diárias. Frequentemente apresentam noções básica de finanças, limitando-se a gestão orçamentária e a avaliação de custos via regime caixa, que representam apenas uma fração da gestão financeira completa, o que pode tornar a apuração de custos incompleta ou imprecisa.
Consultorias de Recursos Humanos: Neste caso a área de foco da consultoria são os colaboradores e pessoas que circundam o processo produtivo em questão. Normalmente, são consultorias especializadas em cursos e treinamentos de coordenação de equipes e formação de equipes eficientes. Estas podem também, auxiliar na implementação de novas hierarquias e organogramas de colaboradores, diretores, e até mesmo proprietários.
Consultorias Financeiras: São consultorias especializadas em finanças, como o nome sugere. Estas são muito úteis para estruturação de relatórios contábeis, identificação de áreas de melhoria, avaliação de retornos financeiros e indicadores, avaliação da melhor estrutura de crédito a ser adotada entre outros. Fazem uso correto de bases sólidas de finanças, que vai muito além do cálculo de custos via regime de caixa (que assume entradas de dinheiro como receita e saídas como custos). Por serem especializados nesta área, não entram em aspectos técnicos ou gerenciamento de equipes, utilizando premissas por eles fornecidas, contudo, tem seu valor principalmente na avaliação de alternativas para acionistas.
Consultorias de tecnologia da informação: São consultorias de TI em geral, contemplando sistemas operacionais, automação de máquinas e equipamentos (tratores, equipamentos de irrigação entre outros), manutenção especializada de produtos, entre outras. Estes também podem atuar na área de segurança e sistemas de comunicação internos.
Consultorias Ambientais: Tem seu foco em questões ambientais, muitas vezes relacionadas à legislação e requerimentos governamentais. Também atuam para garantir que a atividade agropecuária não prejudique o meio ambiente e nem destrua a flora e fauna locais, garantindo a sustentabilidade ambiental do agronegócio. Estes também acabam adentrando, em parte, em questões financeiras, uma vez que muitos projetos envolvem grande quantidade de capital.
Como ressaltado, existem muitos tipos (até mesmo além dos apresentados) e muitas dessas consultorias vão frequentemente além de suas especialidades, o que até certo ponto chega a ser benéfico ao agronegócio. Todavia, seus escopos de trabalho nas áreas em que não são especialistas são limitados, o que reduz o retorno sobre investimento nessas consultorias, quando comparados a consultorias especializadas das áreas em questão. O ideal portanto, seria uma consultoria para cada setor produtivo, cada uma maximizando o retorno sobre sua área de conhecimento. Mas, como sabemos, geralmente a alternativa escolhida é a de optar pela consultoria que melhor atenda às necessidades do agronegócio em questão, mesmo que não seja a solução completa, e nem a que trará maiores retornos.
Um “novo” tipo de consultoria: Consultoria estratégica
A agropecuária brasileira ganha agora um novo tipo de consultoria, a consultoria estratégica. Longe de ser nova em diversos setores da economia mundial, a consultoria estratégica voltada ao setor primário do agronegócio é inovadora à maioria dos produtores rurais. Conhecida principalmente pela sua visão de longo prazo, esta busca basicamente melhorar o retorno econômico-financeiro do agronegócio sempre pensando adiante, olhando para frente. É nesta área que atuam muitas consultorias de renome internacional em outros segmentos da economia.
A consultoria estratégica engloba o agronegócio (a empresa rural) como um todo, sob a ótica do gestor executivo, diagnosticando todos os processos e gargalos produtivos internose externos. Esta também mapeia e conhece a cadeia produtiva em que o agronegócio se insere, e visa o atingimento de metas e objetivos de longo prazo, garantindo a sustentabilidade econômico-financeira de longo prazo do agronegócio.
As atividades realizadas por uma consultoria estratégias incluem: diagnóstico da atual situação econômico-financeira do agronegócio, entendimento do fluxo das atividades e produtos internos (comunicação entre unidades de negócio), avaliação do mercado atuante, estruturação de processos (compras de insumos, vendas de produtos, realização de investimentos), delineamento de estratégia de vendas e compras, gerenciamento de riscos (comerciais, financeiros e operacionais) entre outras.
A integração e complementariedade com as demais consultorias é crucial para um maior resultado final, sendo que a consultoria estratégica, assim como as demais, não faz recomendações nenhuma de cunho técnico-produtivo, como qual cultivar plantar ou quanto de ração fornecer, por exemplo. As informações técnicas são fornecidas pelo produtor ou consultor especializado e utilizadas como premissas para as análises, podendo ser contestadas e questionadas, mas não c
om argumentos técnicos, e sim estratégicos.
Este é o caso por exemplo, de uma recomendação técnica de formulação para ganhar 0,9kg/dia para terminação de suínos. Contudo, a consultoria estratégica pode apontar que, para o cronograma de abate, casamento de fluxo de caixa e aproveitamento de janelas favoráveis de mercado, os animais devem ser abatidos alguns dias depois da data proposta, e não há necessidade de acelerar tanto a fase de terminação. A análise pode sugerir que, mesmo com menor ganho de peso, o resultado final é maior.
Um exemplo na agricultura, é a revisão da estratégia de compra de insumos e de comercialização de produtos acabados. Estas podem variar muito de produtor para produtor, considerando capacidade de armazenagem, necessidade e disponibilidade de caixa, e impactosnas safras subsequentes. A consultoria estratégica pode planejar as compras e vendas de modo que riscos sejam mitigados e oportunidades sejam agarradas.
Independentemente do tipo de consultoria é preciso se profissionalizar
Muitos são os tipos de consultoria disponíveis, e cada produtor deve avaliar os benefícios e sinergias de se optar por uma ou mais tipos. Atualmente, são muitas as informações disponíveis e cada vez maiores as cobranças e a competição dentro do setor. Se profissionalizar em um cenário como este é vital para o sustento econômico da atividade no longo prazo, o que não significa ser especialista em tudo, mas sim, saber onde buscar recomendações que atendam às necessidades de cada agronegócio.