Grãos e cereais: qual a diferença?
O Brasil é um dos principais produtores e exportadores de grãos e cereais do mundo.
O clima favorável para a produção das commodities e a logística de portos distribuídos ao longo da costa são fatores que favorecem o país.
A produção de grãos e cereais estimula muitos processos e atividades que influenciam fortemente a economia do país.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os grãos e cereais pertencem a grupos alimentares diferentes e possuem as próprias características.
Confira neste artigo a diferença entre grãos e cereais. Boa leitura!
Quais as diferenças entre grãos e cereais?
A exportação de grãos e cereais é uma atividade muito importante para o agronegócio.
No ano de 2022, o Brasil exportou mais 78,64 milhões de toneladas de soja e mais de 56 milhões de toneladas de milho. Apesar das semelhanças, existem diferenças agronômicas fundamentais entre os grãos e cereais.
Grãos são sementes comestíveis de diferentes plantas, como quinoa, amaranto, lentilhas, feijão e outros. Eles são sementes ou partes de plantas que podemos comer, e são parte importante da alimentação humana e animal.
Cereais vêm de plantas chamadas gramíneas que dão espigas, e são conhecidos por produzirem muitas sementes. Alguns cereais comuns são o trigo, o arroz, o milho, a aveia e a cevada.
A principal diferença entre os grãos e cereais é que os cereais são a própria planta, já os grãos são as sementes comestíveis dela.
Assim, quando falamos “cereal”, estamos falando da planta como um todo. De forma simples, o “grão” é a semente que o cereal gera após a colheita.
Além disso, os grãos e cereais são alimentos de bastante interesse industrial, já que podem ser utilizados de várias formas, como na alimentação humana, na preparação de ração animal, na fabricação de óleos, etc.
Essas commodities são muito importantes, pois são exportadas para vários países e também muito utilizadas no mercado interno.
De acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), somente as exportações de oleaginosas atingiram o recorde nos sete primeiros meses de 2023, chegando a 72,46 milhões de toneladas embarcadas.
Grãos e cereais: saiba mais sobre eles
Os grãos e cereais movimentam uma cadeia de produção muito grande, que vai desde a fazenda até o consumidor final.
Os produtores rurais e uma gestão qualificada são essenciais para que todo o processo atinja os melhores resultados.
Grãos
Os grãos são ótimos alimentos para o consumo humano e animal, são sementes secas que podem pertencer a quatro grupos: cereais, pseudo cereais, leguminosas e oleaginosas.
Cereais: são plantas da família das gramíneas que produzem sementes e contém elevado valor nutricional.
Pseudo cereais: não são cereais verdadeiros, pois não fazem parte da família das plantas gramíneas. No entanto, as suas sementes são idênticas aos grãos dos cereais.
Alguns pseudo cereais comuns são: amaranto, quinoa, trigo sarraceno.
Leguminosas: são grãos que nascem em vagens e são ricos em proteínas, carboidratos e gorduras boas.
São importantes alimentos consumidos em todo o mundo, e considerados uma ótima fonte de nutrientes, proporcionando diversos benefícios à saúde.
Inclusive, o consumo frequente de grãos tem sido bastante associado à prevenção de muitas doenças crônicas, como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer.
Oleaginosas: as oleaginosas são sementes comestíveis muito ricas em óleos e com alto teor de gorduras boas.
Algumas oleaginosas comuns são: amendoim, avelã, castanha de caju, castanha do pará, noz.
Características
O grão faz parte da família Poaceae, e contém aproximadamente 780 gêneros e 12.000 espécies.
Ele é um alimento bem resistente às mudanças climáticas; assim, sobrevive em quase todos os tipos de ecossistemas.
As Poaceae são a família de plantas economicamente mais importante, fornecendo alimentos básicos de cereais e ração para pecuária de corte e de leite.
O grão é um pequeno fruto comestível da planta, geralmente duro por fora. É composto pelo pericarpo (camada mais externa), o gérmen (embrião) e o endosperma.
O pericarpo é rico em fibras e vitaminas do complexo B; o gérmen contém óleos, vitaminas, proteínas, minerais e antioxidantes; no endosperma estão os carboidratos e proteínas.
Cultivo
O correto cultivo de grãos traz ótimos resultados para a propriedade rural, elevando a produtividade no campo e garantindo maior ganho financeiro.
Para começar, é muito importante fazer o planejamento da safra para que o plantio seja realizado de forma correta e segura.
É necessário elaborar um cronograma com todas as etapas que impactam o cultivo de grãos. Algumas delas são: data do plantio, sistema de irrigação, análise e correção do solo e mais.
Realizar o manejo adequado do solo é uma atividade essencial para garantir o bom cultivo de grãos.
Essa etapa é muito importante, pois prepara o solo para receber as sementes, seja controlando a acidez, retirando as ervas daninhas ou eliminando as bactérias.
Os grãos, em geral, podem ser semeados em diferentes épocas do ano, dependendo das condições de crescimento e das variedades específicas de cada região.
Ainda assim, é importante considerar informações relacionadas a precipitação anual, temperatura e umidade do ar.
O sistema de irrigação também é um fator que deve ser levado em consideração, alguns grãos não necessitam de irrigação intensiva e podem ser cultivados em áreas com chuvas suficientes para atender às suas necessidades de água.
Já outros, necessitam de sistemas especializados para manter a hidratação do solo e garantir uma boa colheita.
Sobre o grão de soja, cada região de plantação faz variar o tempo do ciclo. Porém, há uma estimativa que define uma variação em um período de 100 a 160 dias.
Devido à variedade de cultivares, alguns ciclos mais comuns podem ter predominância de 115 a 125 dias.
Por norma, o ideal é que o plantio da soja ocorra na época da chuva, para que a planta possa aproveitar a umidade e absorver a água necessária ao seu desenvolvimento.
Abaixo listamos qual a melhor época de plantio da soja em cada região do Brasil:
- Região Norte: maio a junho e outubro a janeiro;
- Região Nordeste: outubro a janeiro;
- Região Centro-Oeste: setembro a dezembro;
- Região Sudeste: outubro a dezembro;
- Região Sul: setembro a janeiro.
No geral, os estados que mais produzem grãos de soja são: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Goiás, Maranhão e Piauí.
Principais tipos de grãos
Os grãos não-cereais são parte importante da dieta de pessoas em diferentes lugares do mundo e são valorizados por sua nutrição e diversidade culinária. Abaixo listamos os principais tipos de grãos:
Por causa de tais características, os grãos servem como base para a forte produção e industrialização.
Leguminosas: As leguminosas fazem parte de uma categoria de grãos que inclui feijões (como feijão-preto, feijão-carioca, feijão-verde), lentilhas, grão-de-bico, ervilhas e soja.
Elas são ótimas fontes de proteínas, fibras e minerais e são consumidas em várias receitas.
A soja, por exemplo, é um grão de muito interesse industrial. Na produção de alimentos, ela é usada como matéria-prima para a produzir o leite de soja, a carne de soja, o tofu (queijo de soja), o óleo de soja, rações para animais, etc.
Quinoa: A quinoa é um grão que se tornou bastante popular por causa do seu alto teor de proteína e nutrientes.
Ela é nativa da região dos Andes, e é utilizada em pratos de saladas.
Amaranto: O amaranto é um grão antigo cultivado em vários lugares do mundo. É muito rico em proteínas, fibras e minerais, e pode ser consumido cozido, em flocos ou farinha.
Mijo: O mijo é um grão cultivado em diversas regiões, como África e Ásia. Ele é usado para produzir alimentos como pão, mingau e também cerveja.
Cereais
Os cereais são plantas cultivadas por grãos comestíveis e são uma fonte básica de alimento em muitas culturas em todo o mundo.
Os cereais também possuem forte interesse industrial e comercial por conta do seu alto consumo mundial.
A principal parte dos cereais é o grão, que é a semente da planta. Esse grão é colhido, processado e consumido como alimento. Mas também existem outras formas de consumir os cereais, como farinhas, farelos e flocos.
O farelo é o resultado de quando as cascas são retiradas da semente do alimento. Após esse processo, se as sementes foram moídas, temos a farinha.
No caso das farinhas integrais, as cascas não são retiradas e as sementes são moídas integralmente.
Já os flocos são o resultado da prensagem da semente, que pode acontecer também com a casca, produzindo, assim, o floco integral.
Características
Os cereais são frutos ou sementes comestíveis da família das plantas gramíneas. As gramíneas são plantas herbáceas que possuem flores pequenas e frutos secos chamados grãos ou cariopses.
As cariopses podem conter somente o gérmen, o endosperma e a membrana da semente ou possuir a cariopse revestida.
Os principais cereais utilizados como alimento são: trigo, arroz, milho, cevada, aveia, centeio e sorgo.
Eles são ótimas fontes de nutrientes e apresentam boas quantidades de água, proteína, lipídios, fibras e minerais.
Cultivo
O cultivo dos cereais pode apresentar algumas diferenças em relação ao plantio dos grãos. A maioria dos cereais, por exemplo, são plantas anuais, isso significa que elas possuem um ciclo de vida de apenas um ano.
Cada tipo de cereal tem necessidades específicas em relação ao clima. Por exemplo, o trigo geralmente se desenvolve em climas temperados, enquanto o arroz é cultivado em ambientes mais quentes.
Os cereais têm diferentes necessidades hídricas ao longo de seu ciclo de crescimento. O arroz é muito cultivado em áreas inundadas, enquanto o trigo pode ser cultivado em condições mais secas.
A preferência por tipos de solo específicos varia entre os cereais. Alguns, como a cevada, podem crescer em solos menos ricos em nutrientes, enquanto outros, como o arroz, preferem solos alagados e ricos em nutrientes.
Existem dois tipos de arroz mais produzidos no Brasil, o sequeiro (amarelo), a safra dele ocorre de outubro a fevereiro. E também existe o irrigado (azul), a safra dele ocorre de agosto a dezembro.
No Brasil, a forma mais comum de cultivo do arroz é por irrigação — que é quando o arroz é produzido com a presença de lâmina de água em quase todo o seu processo de cultivo.
A irrigação dos arrozais pode ser feita de três formas: inundação da lavoura de forma contínua, sub-irrigação e aspersão. Entre elas, a mais utilizada é o método de inundação durante a maior parte do ciclo do grão.
No método de cultivo por sequeiro, o plantio do arroz conta apenas com a água da chuva. A prática é mais adotada nas lavouras situadas em regiões com regime pluviométrico bem definido, como o Cerrado.
Nesse caso, o plantio do cereal se torna mais barato, uma vez que não é necessária a implementação de um sistema de irrigação. Porém, para que ocorra com sucesso, depende da ocorrência de chuvas no período certo durante a safra.
No entanto, alagamentos de enchentes podem prejudicar a produção de arroz. A cheia do rio Ivaí destruiu as lavouras de arroz no estado do Paraná. A produção esperada não foi atingida, isso gerou muitos prejuízos para os produtores rurais da região.
Os cereais geralmente precisam de uma quantidade significativa de nutrientes para um bom crescimento. Por isso, a fertilização do solo é uma prática comum para garantir que as plantas recebam os nutrientes necessários.
O espaçamento entre as plantas e a densidade de plantio também são fatores importantes que influenciam o rendimento das culturas. O manejo adequado do espaçamento ajuda a otimizar o uso de recursos, como luz solar e nutrientes do solo.
Principais tipos de cereais
Os cereais fornecem uma ótima fonte de carboidratos, fibras e outros nutrientes para populações em todo o mundo. Eles são usados em vários pratos e produtos alimentícios, tornando-se elementos essenciais para as pessoas e animais.
Abaixo listamos os principais tipos de cereais:
Trigo: O trigo é um dos cereais mais cultivados no mundo e é utilizado para produzir vários alimentos, como pães, massas, bolos e biscoitos.
Nos últimos anos, o Cerrado vem crescendo na produção do trigo. Isso tem acontecido devido a pesquisas desenvolvidas tanto para cultivo irrigado quanto em sequeiro.
O trigo pode ser classificado de acordo com 4 aspectos: espécie, época de plantio, dureza dos grãos e tipo de farinha.
Quanto à época de plantio, podemos classificar em cultivares de inverno (que necessitam de mais horas de frio) e cultivares de primavera.
Quanto à dureza, classifica-se em trigo-duro (com grãos de amido que não quebram na moagem) e mole (com grãos de amido que quebram durante a moagem).
Também temos classes de trigo e farinha, que variam em sua utilização e valor nutricional.
No Brasil, a farinha industrial é a mais vendida, principalmente para padarias e supermercados.
No geral, os estados brasileiros que mais produzem trigo são: Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais.
Arroz: O arroz é um alimento básico para muitas culturas, especialmente na Ásia em países como Japão e China.
No geral, os estados brasileiros que mais produzem arroz são: Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Tocantins.
Milho: O milho é um dos cereais mais exportados pelo Brasil, cultivado em todo o mundo, é utilizado para a produção de vários alimentos e também para a ração animal.
O milho é planejado e dividido em safras devido aos seus benefícios agronômicos e faz rotação com soja e algodão.
As safras do milho são as seguintes:
- Primeira safra (ou safra de verão): outubro a dezembro;
- Segunda safra (safrinha): janeiro a abril;
- Terceira safra: abril a junho.
O milho tem papel fundamental na diluição dos custos fixos das fazendas, principalmente onde ele é cultivado na 2ª safra, nos estados de MT, de MS e do MA.
O planejamento de insumos leva em conta a expectativa de produção para cada época de semeadura, visando obter o melhor custo-benefício.
As decisões sobre os híbridos que serão plantados ocorrem com base no banco de dados de pesquisa e conforme as biotecnologias identificadas como necessárias para o sistema de produção.
No geral, os estados que mais produzem milho são: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Maranhão.
Aveia: A aveia é consumida principalmente na forma de aveia em flocos ou farinha de aveia e é muito popular no café da manhã.
Cevada: A cevada é usada na produção de cerveja e destilados, além de ser um ingrediente em sopas e pães.
Centeio: O centeio é usado para fazer pães de centeio e destilados, como o uísque de centeio.
Sorgo: O sorgo é cultivado em áreas de clima quente e é utilizado para alimentos, rações para animais e biocombustíveis.
Millet: O milheto é um grão cultivado em partes da África e da Ásia e é um alimento básico em algumas culturas.
Conclusão
Como foi mostrado, os grãos e cereais são culturas que possuem diferenças e características próprias.
Algumas práticas são muito importantes para que o cultivo seja feito de forma correta e segura.
As boas práticas alinhadas com uma gestão eficiente e um software de gestão pode elevar o crescimento de sua fazenda.
Dessa forma, sua rotina fica toda automatizada e suas análises mais profundas. Inclusive existem alguns softwares que permitem o controle de diversos tipos de culturas ao mesmo tempo.