Tipos de gado de corte: conheça as principais raças do Brasil
Os tipos de gado de corte mais buscados na pecuária brasileira são o nelore (predominante), angus e brahman, muito valorizadas no mercado
A pecuária de corte é uma das atividades mais tradicionais e importantes do agronegócio brasileiro, sendo hoje o país líder mundial em exportação de carne bovina.
Para chegar a esse destaque internacional, o setor passou por várias mudanças, como a escolha das melhores raças de animais para criação, visando o abate.
Conheça neste artigo as características dos principais tipos de gado de corte do país. Boa leitura!
8 principais tipos de gado de corte no Brasil
Como um dos principais produtores de carne bovina do mundo, a pecuária de corte do Brasil desempenha um papel fundamental nesse setor ao nível global.
Existem diversas raças de gado de corte no país, cada uma com suas características específicas de adaptação, porte, ganho de peso, resistência, precocidade, habilidade materna e qualidade de carne.
É importante destacar que a escolha da raça mais adequada para a criação de gado de corte depende das condições climáticas da região, dos objetivos do produtor e das demandas do mercado consumidor.
1. Angus
A raça angus é muito valorizada por sua carne de alta qualidade. Os animais possuem ótima capacidade de engorda, sendo eficientes na conversão de alimentos em carne.
A carne de angus é reconhecida por sua marmorização (maior concentração de gordura entre as fibras do corte), suculência e maciez, características que a tornam muito apreciada pelos consumidores.
Originária da Escócia, ela foi orientada no Brasil no início do século 20 e, desde então, tem se destacado por sua excelência na produção de carne de alta qualidade.
Essa raça se adapta tanto a regiões de clima mais frio quanto a áreas tropicais, o que permite a sua criação em diversas regiões do Brasil.
A eficiência alimentar é outra característica marcante do angus. Os animais dessa raça têm boa capacidade de converter alimentos em carne, contribuindo para reduzir custos de produção e aumentar a rentabilidade.
2. Nelore
A raça Nelore é a mais predominante no Brasil. Estima-se que cerca de 80% do rebanho nacional, de 224,6 milhões de cabeças, seja da raça nelore ou anelorado (mistura do nelore com outras raças), segundo a Associação dos Criadores de Nelores do Brasil.
Originária da Índia, a raça nelore foi introduzida no Brasil no século 19 e rapidamente se adaptou ao clima tropical e às condições de criação brasileiras, sendo uma das principais características a sua rusticidade e a resistência.
A raça é conhecida por sua capacidade de lidar com condições adversas, como altas temperaturas, escassez de alimentos e resistência a doenças tropicais.
Além disso, os animais atingem a maturidade sexual e a capacidade de reprodução em idades mais jovens em comparação a outras raças.
A carne de nelore também é bastante valorizada no mercado, sendo reconhecida por sua qualidade e sabor, embora tenha menor marmorização em comparação a raças como angus e hereford.
3. Brahman
O brahman é uma raça de gado de corte conhecida por sua adaptabilidade em diferentes ambientes. Originária da Índia, ela foi desenvolvida a partir do cruzamento de diversas raças zebuínas, como o guzerá, nelore e gir.
Uma das principais características do brahman é sua notável resistência ao calor e à umidade. Seu pelo curto e solto, juntamente com uma pele espessa e pigmentada, protege o animal dos raios solares intensos e dos insetos.
Outro destaque dessa raça é sua adaptabilidade a diferentes tipos de pastagens e sistemas de manejo. Os bovinos brahman possuem habilidades naturais para forragear e se alimentar de forma eficiente, aproveitando recursos alimentares que outras raças podem não conseguir.
A carne do brahman é reconhecida por sua suculência, sabor e textura.
4. Brangus
O Brangus é uma raça resultante do cruzamento entre angus e nelore, podendo também ocorrer cruzamentos com nelore mocho, guzerá, tabapuã e brahman.
Essa combinação busca unir as características de rusticidade do nelore com a qualidade da carne do angus. O brangus possui bom ganho de peso, adaptação ao clima tropical e carne de excelente qualidade.
Os animais são capazes de se adaptar a uma ampla variedade de ambientes e climas, tornando-os ideais para regiões com condições exigentes.
Outro ponto forte é sua alta taxa de crescimento e ganho de peso, o que resulta em animais prontos para o abate em um período relativamente curto.
Sua carne é suculenta, macia e bem marmorizada, garantindo sabor aos cortes, e seu corpo é compacto e musculoso, com uma proporção ideal de carne em relação aos ossos e gordura, o que gera um bom aproveitamento da carcaça.
5. Senepol
Originária das Ilhas Virgens, o senepol é uma raça adaptada ao clima tropical. Os animais possuem alta fertilidade e habilidade materna, sendo também eficientes na conversão alimentar. A carne de senepol é considerada macia, suculenta e saborosa.
Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol, essa raça de bovinos apresenta rápido crescimento, o que possibilita reduzir os custos do ciclo de vida do animal até o abate.
A elevada capacidade de conversão alimentar (proteína vegetal) em carne (proteína animal), que deixa o gado pronto para o abate rapidamente, ou seja, com maturação de peso e carcaça em idades ainda precoces, é uma das principais vantagens da criação do gado senepol.
6. Hereford
Também originária da Escócia, a raça hereford possui adaptabilidade a diferentes condições climáticas, sendo os animais resistentes e de boa conversão alimentar. A carne apresenta boa marmorização, sabor acentuado e maciez, sendo bastante valorizada no mercado.
Além disso, eles se desenvolvem muito bem em regime de pasto, sobretudo no clima temperado, sendo por isso ótima opção para criadores de gado do Uruguai, Argentina e do estado do Rio Grande do Sul, no Brasil.
A raça hereford tem altos índices de fertilidade, quando favorecidos com manejo e alimentação adequados, e excepcional ganho de peso a pasto, sendo comum novilhos de 450 Kg aos 18-24 meses.
É ainda altamente lucrativa para criadores e frigoríficos, graças ao insuperável índice de rendimento de carcaça, entre as raças européias.
7. Tabapuã
O tabapuã é uma raça brasileira de corte formada especialmente na década de 1940, fruto do trabalho sistemático de vários criadores dos estados da Bahia, Goiás, Paraná, Minas Gerais e São Paulo, segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu.
A oficialização da raça teve como referência o núcleo de seleção do município de Tabapuã (SP) e tem como característica fundamental o biótipo produtor de carne, sendo totalmente mocha, desde sua concepção inicial.
O peso médio dos machos para a desmama é de 195 kg e o das fêmeas de 180 kg. Aos 18 meses (época do sobreano), os machos atingem 326 kg e as fêmeas 276 kg.
8. Canchim
A raça foi criada a partir da rusticidade do nelore, somada à produtividade do charolês, visando às qualidades de resistência e produtividade.
Assim, o canchim é fruto de um trabalho científico que visa viabilizar economicamente a obtenção de carne de melhor qualidade nas condições brasileiras.
O touro canchim produz novilhos precoces e cumpre a finalidade qual foi idealizado, destacando-se em relação a outras raças. Se comparado com touros de raças zebuínas, produz o mesmo número de bezerros, porém com qualidade superior, pois são mais pesados.
Os novilhos precoces, fruto do cruzamento de vacas aneloradas com touros canchim, podem ser abatidos aos 18 meses, se confinados após a desmama; até 24 meses, se confinados na terminação; e aos 30 meses, se criados exclusivamente a pasto.
O que analisar na hora de investir em uma raça de gado?
Antes de você decidir investir em uma raça de gado, é preciso realizar uma análise criteriosa, levando em consideração diversos fatores, como adaptação às condições locais, características de desempenho, qualidade da carne e mercado consumidor.
Além disso, é recomendado consultar especialistas da área, como veterinários, zootecnistas e outros pecuaristas experientes.
Também é válido fazer visitas a propriedades que já trabalham com a raça em questão, buscando conhecer seus resultados e desafios enfrentados.
Adaptação às condições locais
É essencial considerar as condições climáticas, geográficas e de manejo existentes na região em que está localizado.
Algumas raças de gado são mais adaptadas a climas quentes, enquanto outras são mais resistentes a temperaturas frias, e há ainda as raças que se adaptam bem em diferentes tipos de clima, sem afetar o processo de ganho de peso.
Além disso, é importante avaliar se a raça é adequada ao sistema de produção utilizado, como pastoreio extensivo (a pasto) ou intensivo (confinamento).
Características de desempenho
O desempenho do gado está relacionado à sua capacidade de ganho de peso, eficiência alimentar, habilidade materna, reprodução e resistência a doenças.
O pecuarista deve analisar os índices de produtividade da raça, como taxa de ganho de peso diário, facilidade de parto e características reprodutivas.
É importante escolher uma raça que se destaque nas características desejadas para a produção pretendida, pois assim fica mais fácil de você fazer um planejamento financeiro da sua atividade rural com base em informações mais seguras, e utilizar um software de gestão agrícola para isso.
Qualidade da carne
Considerar a qualidade da carne produzida pela raça é fundamental, pois os consumidores estão cada vez mais exigentes em relação ao sabor, textura, suculência e marmoreio da carne.
Algumas raças são conhecidas por produzirem carne de alta qualidade, com maior maciez e marmoreio, como a angus, nelore e senepol. Conhecer as preferências do consumidor local é fundamental para garantir a aceitação do produto final.
Considerações econômicas
Cada mercado consumidor possui uma relação específica com a carne bovina. Alguns preferem cortes mais magros, enquanto outros valorizam carnes mais marmorizadas e suculentas.
Para quem cria gado de corte, é importante estudar e entender como o mercado influencia no produto final, pois essa análise ajudará a escolher uma raça de gado que seja mais adequada para atender às demandas dos consumidores.
Avalie ainda o valor de mercado dos animais, os custos de produção, a demanda de carne e a viabilidade financeira do investimento, bem como os custos envolvidos na criação e manutenção do rebanho.
Como obter a melhor raça de boi para engorda?
Para obter a melhor raça de boi para engorda, é necessário considerar estratégias como o cruzamento industrial e o melhoramento genético. Essas abordagens visam maximizar as características desejáveis nos animais, como ganho de peso, eficiência alimentar e qualidade da carne.
Cruzamento industrial
O cruzamento industrial consiste na reprodução de animais de raças diferentes, buscando combinar as características de cada uma delas.
Ao cruzar raças, é possível obter descendentes com vantagens complementares, como resistência a doenças, adaptabilidade a diferentes ambientes e maior habilidade de ganho de peso.
Por isso, a escolha das raças para o cruzamento depende das características desejadas e das condições locais.
Geralmente, raças taurinas (como angus, hereford) são cruzadas com raças zebuínas (como nelore e tabapuã), buscando combinar a rusticidade e adaptabilidade dos zebuínos com a precocidade e a qualidade de carne das taurinas.
Melhoramento genético
O melhoramento genético é uma estratégia que visa selecionar e reproduzir animais com características superiores, transmitindo essas características para as gerações futuras.
Pode ser realizado por meio da seleção dos melhores reprodutores dentro de uma raça, considerando suas performances individuais e características genéticas.
Também é possível utilizar técnicas avançadas, como a inseminação artificial e a fertilização in vitro, para ampliar o uso de reprodutores de elite.
O melhoramento genético contribui para o aumento da eficiência produtiva, do ganho de peso e da qualidade da carne, proporcionando animais mais adequados para a engorda.
Conclusão
Saber quais são as principais raças de gado de corte da pecuária brasileira é essencial para quem atua na atividade, já que a busca pelo melhoramento do rebanho deve ser uma constante.
É preciso entender a escolha da raça mais adequada para a criação, conforme os objetivos da produção e as características do manejo.
O mercado consumidor de proteína animal é cada vez maior no mundo e, por isso, tem ficado também mais concorrido, sobretudo no que se refere à qualidade do produto final.
Assim, um dos primeiros passos para ter sucesso na atividade, é saber qual raça deve ser criada para atingir bons níveis de produção e rentabilidade na fazenda.