Tomada de decisão: O seu agronegócio possui corpo e cérebro?
– Por Túlio Lelis (Especialista Perfarm).
Os termos controle, gestão e tecnologia já são termos conhecidos aos empresários rurais, muitos já realizam acompanhamento técnico / produtivo e financeiro de sua atividade e já retiram informações relevantes quanto a eficiência, produtividade, centros de custos mais impactantes, o que é muito bom. Mas, como mensurar o quão importantes essas informações realmente são no contexto macro de nossa atividade rural?
Para que possamos ter a real dimensão do impacto e importância que tais informações podem exercer no agronegócio, sugiro um olhar sobre outros setores afastados do agronegócio, onde a magnitude e o poder multiplicador exercido pela inteligência, ou seja as informações relevantes, ficam evidenciados para todos.
Vamos pensar em um serviço de utilidade pública, a polícia. Todas as entidades de segurança pública ao redor do mundo possuem em sua estrutura, capital humano, carros, estrutura física e equipamentos. Algumas delas melhores equipadas do que outras. Mesmo assim, seria de se imaginar que a eficiência ao combate, prevenção e resolução dos vários casos que afetam a segurança não fosse tão discrepante entre as diferentes corporações do planeta e nem entre corporações policias de uma mesmo País. Mas, não é isso que ocorre, não é mesmo?
Claramente, existem vários fatores e forças atuando às margens deste contexto, os quais não são objeto do debate aqui proposto. Entretanto, ao avaliarmos onde o retorno sobre investimento empregado é melhor evidenciado, mais concreto e eficaz, com certeza o investimento em inteligência é o que primeiro aparece em destaque, em qualquer entidade policial.
Uma polícia sem inteligência é uma polícia fraca, ineficiente e ultrapassada, que não consegue agir de forma estruturada e consistente na prevenção, combate e resolução de casos, principalmente os mais complexos. A inteligência é o componente que dá suporte real e atua de forma a desestruturar os males de nossa sociedade. A principal agência de inteligência do governo norte americano – CIA (Central Intelligence Agency) supre exatamente esta lacuna na sociedade, e construiu a reputação que possui. Conseguimos, desta forma, ter uma clara ideia da importância que a inteligência bem estruturada de uma entidade de segurança pública representa a um País.
Quando pensamos em nossa produção agrícola ou pecuária, como um negócio altamente complexo e competitivo, não podemos colocar a inteligência em segundo plano ou tratá-la como um mero coadjuvante. Perdemos agilidade na tomada de decisão e apresentamos lentidão nas repostas dadas às adversidades do negócio quando a inteligência é deixada de lado. As decisões são tomadas de forma equivocada e erroneamente. A falta de perspectiva de médio e longo prazo impede a análise destacada de cada unidade produtiva, que levaria em consideração a lucratividade ao longo do tempo e a capacidade de agregação de valor ao produto vendido ao cliente.
É fundamental instituirmos um cérebro em nosso negócio rural, ou seja, um agente pensante capaz de analisar as várias áreas do negócio no curto e longo prazo. Note que não estamos falando de um grande escritório com um monte de computadores! Podemos ter um cérebro eficiente em nossas propriedade com apenas um computador. O computador é importante para o armazenamento e processamento de informações de forma rápida e eficiente. Mas, como acontece com o cérebro, ele precisa ser alimentado das informações que o cerca. Para isso, existem os sentidos como a visão, a audição, o tato, o olfato e o paladar.
O mais importante, e grande gargalo, na inteligência de um agronegócio é o comprometimento em alimentar estas informações e criar o hábito de tomar decisões referenciadas pelas mesmas. Não estamos falando do cérebro das pessoas envolvidas, mas sim de um centro de processamento de informações que abranja desde a ponta do processo produtivo até as movimentações financeiras mais internas.
Por mais primordial que a visão e atuação do empresário rural sejam para o sucesso do empreendimento, a dependência única no empresário para toda e qualquer ação ou iniciativa demonstra que o “cérebro” e a inteligência do negócio não estão bem estruturados e disseminados. O resultado é a retenção e centralização da tomada de decisões ao gestor, que muitas vezes não gera os melhores resultados.
Sugerimos que sua propriedade rural seja comandada e direcionada por um centro de inteligência, que atue alinhado e em conjunto com as metas e objetivos do gestor, mas que sua abrangência extrapole a visão única e exclusiva do mesmo. Quando voltamos a fazer uma analogia com o que acontece em nosso corpo, evidenciamos que os movimentos dos braços ou o piscar dos olhos, não são efetivamente comandados por quem os faz, como os membros ou os olhos propriamente ditos. Estes apenas obedecem a um ordem central do maestro principal de nosso corpo, que é o cérebro e toda a sua estrutura neurotransmissora. Imagina o que poderia ocorrer em nosso corpo se membros e músculos atuassem e fossem comandados de forma isolada e descoordenada. Muito possivelmente não sairíamos do lugar.
As perguntas que devemos fazer são:
- Seu empreendimento rural é comandado por um centro de inteligência?
- Seu negócio possui proporcionalmente mais corpo, mais tórax ou mais “cérebro”? (compare o corpo e ações tomadas por um ser humano em comparação a outros animais)
- Qual o tamanho e capacidade deste “cérebro?
Por meio desta reflexão simplista e de ferramentas nada complexas de análises, podemos entender se o nosso agronegócio trabalha de forma ordenada e gerenciada, com objetivos e papéis bem definidos a cada uma de suas partes e departamentos, ou se trabalha de forma desordenada, empírica e intuitiva.
O que acha de começar a fortalecer a inteligência de seu negócio?!