Dia Internacional da Mulher e a participação feminina no agro
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, é uma data cada vez mais celebrada e tem ajudado a aumentar a participação feminina no agro
A missão de alimentar o mundo, tão falada hoje em relação ao agronegócio do Brasil, é algo que sempre esteve presente na vida de todas as mulheres, em especial as do campo.
Afinal, alimentamos nossas crianças desde a gestação, até que alcancem a vida adulta, além de somar esforços para que outras pessoas também se alimentem em todo o mundo.
Esforços esses que acontecem de várias formas: no campo ou fora dele, em trabalhos simples ou que exigem conhecimentos específicos para serem executados.
Por isso, neste Dia Internacional da Mulher, 8 de março, celebramos as histórias de mulheres do agro que nos inspiram a avançar cada vez mais na sociedade. Boa leitura!
Dia Internacional da Mulher: origem do 8 de março
O Dia Internacional da Mulher, 8 de março, foi oficializado pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1975 e simboliza a luta das mulheres por igualdade na sociedade.
Essa luta, no entanto, tem origem em uma sucessão de acontecimentos que remontam ao início do século XX, com destaque para mobilizações de trabalhadoras do ramo têxtil.
Isso porque as mulheres eram submetidas a situações exageradas de trabalho, em ambientes insalubres e sem qualquer tipo de assistência.
Assim, a data do 8 de março é uma forma de celebrar décadas de engajamento social e político das mulheres, pelo reconhecimento da sua causa.
A data chama a atenção para situações mais urgentes, como crimes de violência e ameaça (sobretudo virtual), que devem ser combatidos com leis mais duras aos infratores.
Assim, diversas causas vêm sendo incorporadas à luta das mulheres, não só por direitos iguais, mas também contra violência doméstica, assédio (em locais públicos ou privados) e discriminação de gênero.
Essas lutas resultaram em importantes avanços rumo a uma sociedade mais justa, com ampliação da participação feminina em diversos setores públicos e privados.
Graças a esses movimentos, é possível vermos hoje mulheres em posições de liderança em empresas nacionais, organizações internacionais, outros grupos econômicos ou instituições diversas.
É o que tem ocorrido no agronegócio, conforme veremos abaixo.
Participação feminina no agronegócio
E uma prova do avanço das mulheres no agronegócio vem de uma pesquisa recente da Deloitte, apresentada em janeiro.
A pesquisa mostra que o total de mulheres trabalhando em empresas do agronegócio cresceu 13,3% no último ano.
E que nós somos 16,2% do contingente empregado pelo setor.
A sucessão, de acordo com a pesquisa, é um dos fatores que contribuíram para o aumento do número de mulheres no agro.
A pesquisa mostrou que, nas fazendas, as profissionais em cargos de liderança já são 34% do total – mais do que no universo geral da economia, onde o total de mulheres no topo é de 27%.
Os principais insights da pesquisa são:
- A afinidade com o agronegócio é o principal motivo para atuação das mulheres no setor, mas para ampliar a participação feminina é necessária uma transformação cultural;
- Os desafios com as lideranças estão relacionados às atitudes dos gestores que desafiam as mulheres em relação às questões de gênero;
- A conciliação entre a carreira profissional e os interesses pessoais figura como um dos principais entraves para a atuação das mulheres no agronegócio brasileiro.
As entrevistas para a pesquisa foram realizadas entre 17 de agosto e 26 setembro de 2022 e contou com 63 participantes de diferentes organizações, sendo 21% multinacionais e 10% listadas na bolsa de valores brasileira.
Veja mais detalhes da pesquisa abaixo:
Uma outra pesquisa, do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), mostra que em 2022 as mulheres representaram 17% da força de trabalho do setor de pecuária dentro da porteira.
Segundo o estudo, em 2022, o agronegócio empregava 19 milhões de trabalhadores em serviços diversos e as mulheres ocupavam 31% deles, ou 5,9 milhões de postos de trabalho.
Mulheres que alimentam o mundo
Atuar no campo é uma tarefa que muitas vezes parece mais difícil do que todas as outras (e às vezes é mesmo), mas esses desafios têm sido vencidos por milhares de mulheres que atuam no agro Brasil afora.
Conheça abaixo 4 dessas mulheres, todas clientes da Perfarm, e a opinião delas sobre sua atuação:
1. Milena Báccaro Zeviani, da Fazenda 2G, de produção de grãos em Sonora (MS)
Acredito que as mulheres vêm se destacando em diferentes ramos de negócio, mas, especialmente no agronegócio. A força feminina está a cada dia mais evidente, de forma criativa e inovadora. Nós, mulheres do agro, pioneiras, estamos mostrando a cada dia mais o nosso potencial, dentro e fora do campo, e mostrando aos nossos filhos, em casa, ensinando com qualidade, e mostrando a verdadeira razão de ser um produtor rural, de levar comida a milhões de brasileiros. E que possamos deixar esse legado aos nossos filhos, para que eles possam levar às futuras gerações.
Foto: Divulgação
2. Bruna Borges, da Fazenda Boi Verde, de produção pecuária em Tupã (SP)
Acredito que a presença feminina tem ganhado força no campo por mérito das mulheres. A questão não deveria ser gênero ou raça, mas sim competência. A diversidade de mão de obra traz impacto positivo no desempenho das empresas e assim agregam novas formas de pensar, diferentes perspectivas, o que é essencial para o futuro dos negócios. Nós, mulheres, vamos em busca de solucionar todos os nossos problemas e lacunas com conhecimento e profissionalização.
Foto: Divulgação
3. Helin Castilho Atayde, do Grupo Conquista, de produção de cana-de-açúcar em General Salgado (SP)
A inspiração que eu trago para as mulheres é que vocês não devem ter limitações de onde vocês estão. O agro, como qualquer outra área de carreira que você escolher, exige que você tenha comprometimento, muito trabalho, não pare de se atualizar sempre, e procure especializações e sempre muito, muito esforço e muito trabalho. É meta, é sonho, não interessa o que você quer ser dentro da área, você consegue chegar aonde quiser.
Foto: Divulgação
4. Cintia Teixeira Silva, da Fazenda Engenho, de café e pecuária em Rio Paranaíba (MG)
As mulheres hoje na fazenda Engenho estão inseridas em 50% da gestão. Eu e minha mãe e estamos à frente, para abertura de novos negócios, olhares para novas tecnologias, melhorias dos nossos processos para garantir ainda melhor qualidade dos nossos produtos para chegar na mesa do consumidor no Brasil e no mundo. A gente sabe que o agronegócio é um ambiente masculino, mas as mulheres estão alcançando cada vez mais o seu espaço, para garantir cada vez mais presença no agronegócio, qualidade na cidade e no campo e uma gestão de sucesso.
Foto: Divulgação
Conclusão
A diversificação nas várias áreas da atividade econômica têm se mostrado cada vez mais essencial para o sucesso nos negócios, e as pesquisas apontam que no agro isso também é uma realidade.
Por isso, os avanços da participação feminina no agronegócio é algo que deve ser muito celebrado, sobretudo no contexto do Dia Internacional da Mulher.
E que no dia-a-dia possamos buscar praticar sempre o respeito ao ser humano e potencializar suas qualidades, bem como oferecer igualdade de oportunidades.
>> Este artigo foi escrito em colaboração com Daniela Sodré, Cofundadora da Perfarm