Crédito Rural: fatores a serem ponderados
A cadeia do agronegócio brasileiro, principalmente o setor primário, tem ao seu dispor linhas de crédito de diversos tipos e estruturas que ultrapassam 200 bilhões de reais (MAPA, Plano Agrícola e Pecuário 16/17), sejam eles linhas oficiais de crédito rural ou não. A obtenção de crédito é uma das ferramentas disponíveis aos produtores rurais brasileiros para alavancarem seus agronegócios e prosperarem no campo, contudo, quando utilizada de forma errada pode trazer sérios prejuízos, e em alguns casos até levar a falência.
Quando devo obter crédito?
O setor primário do agronegócio comumente emprega quantidades enormes de capital na produção agrícola e pecuária: terras, instalações, fertilizantes, maquinário, matrizes, animais, insumos e etc. São montantes grandes, e que em grande parte levam meses ou anos para o término do ciclo produtivo e geração de resultados.
Produtores que fazem o correto uso de financiamentos, geralmente tem em mãos uma grande oportunidade para alavancarem as operações e investimentos de longo prazo. Entretanto, embora o crédito pode vir a ser uma grande saída para maximizar lucros, ele também pode ser o que faltava para afundar de vez produtores rurais, quando estes estão buscando financiamentos sem qualquer tipo de planejamento ou gestão financeira.
Saber como escolher um financiamento adequado à necessidade real de cada situação é de suma importância para que estes venham a se tornar aliados, e não inimigos do retorno sobre o capital empregado. Financiamentos representam injeção de capital de terceiros na produção, o qual pode ser mais barato do que utilizar capital próprio (vide artigos futuros sobre custo de capital). O importante destacar aqui é que muitas vezes, empregar capitais de terceiros na produção pode assegurar a disponibilidade de caixa em determinados períodos de oportunidades e consequente maximização dos lucros do agronegócio.
Avaliando oportunidades
Oportunidades de crédito são oferecidas diariamente a todas as pessoas, para os mais diversos fins. No agronegócio não é diferente, diversas são as linhas de crédito e financiamentos disponíveis: custeio operacional de safra, investimentos de longo prazo, carregamento de estoque, entre diversos outros.
É importante estar atento ao propósito do uso do recurso para determinar qual o tipo de financiamento a se procurar. Opções de financiamentos, por sua vez, diferem quanto à estrutura, ou seja, garantia, montante, prazo de pagamentos, carência, número de parcelas, taxa de juros, entre outros. É justamente o propósito de utilização do recurso levantado que deve determinar o tipo de financiamento buscado. Ele deve estar alinhado aos objetivos e condições financeiras do projeto desenvolvido e consequentemente, ao agronegócio como um todo. Quando agentes financiadores determinam as linhas de crédito oferecidas, eles já avaliam previamente as possíveis necessidades e propósitos específicos, contemplando soluções de crédito estruturadas para cada realidade. Considerar o propósito do recurso como primeiro aspecto a ser ponderado pode parecer óbvio, mas é frequentemente deixado de lado por produtores e ocasiona graves problemas operacionais e financeiros, e até mesmo a falência.
Não é incomum encontrar produtores que tomam um financiamento para custeio de safra, portanto de curto prazo, para investir em ativos imobilizados, por exemplo. Diferente de uma lavoura, ativos imobilizados demoram mais tempo para gerarem receita e se pagarem, o que pode trazer descasamento de fluxo de caixa e consequente dificuldade de cumprir obrigações financeiras.
Características e exemplos de estruturas de financiamentos:
Outro exemplo seria um fruticultor, que necessita de caixa para formação do seu pomar. Este, vai começar a gerar receita daqui a alguns anos, ressaltando a carência que este necessita em sua linha de financiamento. Caso este obtenha um financiamento com carência menor do que o ciclo produtivo, este precisará adequar seu fluxo e disponibilidade de caixa para suprir as obrigações financeiras enquanto a produção ainda não gera receitas suficientes.
Em suma, capital de terceiros pode ser uma oportunidade mais barata de alavancar a atividade agrícola e pecuária em questão, fator que deve ser avaliado cuidadosamente. Saber avaliar oportunidades de crédito e utilizá-las para o propósito correto, pode configurar vantagens competitivas financeiras, e maximizar os vbretornos econômicos.